Por que o Metaverso ainda não alcançou o hype prometido?

Metaverso, antes visto como o futuro da internet, perde força e investimentos. Empresas como Meta apostaram, mas o interesse diminuiu

Metaverso
Imagem: Freepik (Pikaso) / Falando Tech

Se você não esteve em uma caverna nos últimos anos, certamente ouviu e se deparou em algum momento com a palavra “Metaverso”. O conceito que explodiu no imaginário popular como o próximo grande passo na evolução da internet, tem visto um declínio notável em termos de interesse e investimento. Por um breve período, parecia que o metaverso seria a nova grande transformação digital, com empresas gigantescas como Facebook, que inclusive mudou o seu nome para Meta, e outras gigantes tecnológicas apostando fortemente nessa visão de mundos virtuais interconectados.

No auge do hype, o metaverso foi promovido como um espaço virtual onde as pessoas poderiam trabalhar, socializar, jogar e até realizar transações econômicas de maneira tão natural quanto no mundo físico. Empresas investiram bilhões em tecnologia de realidade virtual e aumentada, esperando criar experiências imersivas que atrairiam milhões de usuários, mas esta promessa de um universo totalmente novo não se concretizou como as empresas imaginavam.

Diversos fatores contribuíram para a queda desse entusiasmo por parte dos usuários e companhias ao redor do mundo. Embora houvesse avanços significativos em realidade virtual e aumentada, essas tecnologias ainda necessitam de sofisticação, acessibilidade e, principalmente, de uma base de usuários suficientemente grande para sustentar o crescimento esperado. Dispositivos de realidade virtual ainda são caros, desconfortáveis para uso prolongado e enfrentam barreiras de aceitação por parte do público em geral, o que impactou diretamente no metaverso.

O metaverso não é a primeira tecnologia a ter uma queda de interesse tão brusca em um curto espaço de tempo, e certamente não será a última. Além disso, o conceito do metaverso como um espaço unificado e interconectado revelou-se problemático, porque em vez de um único metaverso, o que se viu foram várias tentativas de criar ambientes virtuais isolados e o metaverso que prometia ser um espaço universal acabou sendo uma coleção de projetos independentes.

Outro fator que contribuiu para o declínio do hype em torno do metaverso foi a percepção de que ele poderia se tornar uma extensão dos problemas já presentes nas plataformas digitais atuais, como a coleta excessiva de dados, problemas de privacidade e a disseminação de desinformação. As preocupações com a ética e a governança dentro desses espaços virtuais aumentaram, levantando dúvidas sobre o valor do metaverso para a sociedade.

Com o aumento da inflação, crises econômicas e o recuo de investimentos em tecnologia, muitas empresas começaram a reconsiderar suas apostas no metaverso. O mercado, sempre em busca por retornos rápidos, começou a se distanciar de iniciativas que não ofereciam resultados imediatos e projetos foram pausados, orçamentos reduzidos e a euforia deu lugar a uma abordagem mais cautelosa.

Como termômetro de toda tecnologia, o comportamento dos usuários foi um indicativo claro de que o metaverso ainda não havia encontrado seu lugar e a adoção em massa simplesmente não aconteceu como previsto. O fim do hype do metaverso não significa que a ideia esteja morta, pelo contrário, ainda há potencial para que essa visão evolua e se concretize de outras formas. Contudo, é evidente que a realidade se impôs às expectativas infladas, e o caminho para a realização de um metaverso verdadeiramente impactante será muito mais longo e complexo do que inicialmente se imaginava. As empresas terão que ajustar suas estratégias, focando em resolver os desafios tecnológicos e sociais que até agora impediram esta tecnologia de alcançar seu potencial um dia prometido.

Por João Gabriel, especialista em tecnologia

Autor

João Gabriel é especialista em tecnologia com mais de 15 anos de experiência, além de Top Voice no LinkedIn e conduz o podcast Sem Rota no YouTube.

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