O ano de 2020 começou com uma grande mudança na sociedade mundial: a pandemia ocasionada pelo novo coronavírus. Como forma de combate e prevenção, as medidas de isolamento social foram adotadas em todos os lugares, inclusive no Brasil, e com isso, passamos a depender cada vez mais da tecnologia para realizar nossas tarefas cotidianas em segurança. Bancos reduziram horários de agências priorizando o uso de aplicativos, escolas e universidades adotaram o ensino remoto emergencial, restaurantes passaram a funcionar apenas por delivery, entre outros, o conjunto de atividades que dependem da internet apenas aumentou.
Em meio a tudo isso, alguns questionamentos importantes à respeito da democratização do acesso à internet podem ser levantados, e um estudo realizado pela Cetic (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação) pode nos revelar esse aspecto das transformações sociais causadas pelo vírus.
É importante destacar que a maior dependência na internet não é um aspecto ruim da sociedade moderna, já que esse recurso pode nos propiciar com oportunidades únicas de trabalho, acesso imediato à informação, e facilitar na hora de lidarmos com o peso emocional da falta de contato social. Isso não quer dizer que possamos esquecer dos riscos que também podem nos afetar nessa situação. Dados bancários e confidenciais de empresas podem ser roubados, operadoras podem invadir a privacidade de quem faz compras e consome conteúdo online, e por aí vai.
Por isso, assim como o investimento em medidas de segurança para a casa, é crucial investir em formas de proteger sua conexão, como uma VPN para Windows PC instalada em sua máquina, evitando interceptação dos dados pessoais.
Dados do Cetic
Os dados coletados demonstraram que o uso de internet cresceu consideravelmente em todas as categorias de dispositivos, incluindo smartphones e computadores, nos últimos 5 meses, chegando à um valor de 13,5 Tbps de banda, recorde para nosso país. Esse valor representa o aumento de diversas categorias de uso da rede, e foi observado em todas as classes sociais, incluindo classes D (renda familiar de até 2004 reais) e E (renda familiar de até 1254 reais).
Um dos principais carros-chefe do aumento de uso da internet foi o setor de compras e vendas, onde houve crescimento de número de pessoas comprando através da internet de 37% a 64% na classe C, de 18% a 44% nas classes D e E, e 63% a 83% nas demais classes com renda maior. Esse efeito é visível mesmo com o maior custo de diversos setores, como os preços de eletrônicos que subiram drasticamente.
Os aplicativos de delivery, apps para celulares que permitem que restaurantes cadastrados e motoboys autônomos entreguem pedidos diretamente ao consumidor, também saltaram de 15% à 44% de uso entre os brasileiros, representando o papel fundamental desse tipo de serviço nas medidas de isolamento social. De fato, sem a possibilidade de entregas domiciliares, muitos restaurantes não conseguiriam evitar a falência durante a quarentena obrigatória delimitada por diversos municípios.
Outros setores como o entretenimento online, com aplicativos como o Netflix e Globo Play, também notaram crescimento expressivo no número de brasileiros assinantes e consumindo ativamente o conteúdo, e o fenômeno de influenciadores digitais em redes sociais como YouTube e Instagram também passaram a representar uma parcela maior da mídia consumida pelos internautas.
A internet brasileira
Os dados coletados demonstraram um grande salto na inclusão digital do país, o que pode ocasionar mudanças transformadoras na sociedade como um todo. O acesso à internet se torna, portanto, quase que uma necessidade essencial para o cidadão, já que programas governamentais como o Auxílio Emergencial só podem ser acessados através de um smartphone ou computador, por exemplo.
Esse aumento expressivo na dependência das redes também destaca o ônus nas operadoras de internet do país para que forneçam infraestrutura que suporte a demanda coletiva, além de expandir a área de cobertura de seus serviços. Nesse ponto, o investimento em tecnologias como a rede 5G se torna uma necessidade estratégica para o governo brasileiro.
Outro efeito em potencial da exposição à internet é o fenômeno do marketing digital, com empresas dedicando grande parte de seus recursos de campanha para criar relações mais pessoais com os consumidores, patrocinando personalidades da internet e inserindo anúncios em plataformas de grande alcance como Twitter e Facebook.
As redes sociais já chegaram até a influenciar no resultado de eleições, e o fenômeno das notícias falsas gerou impactos o suficiente para dar origem à PEC das fake news no Congresso, medidas legais que visam combater as notícias falsas na rede, evitando situações como o veredito do Brexit, no Reino Unido, que foi fortemente influenciado por campanhas falsas nas redes sociais.
Conclusão
O Brasil vive um aumento progressivo no número de cidadãos com acesso à internet, e a pandemia do novo coronavírus acelerou drasticamente esse processo. Com isso, diversas preocupações sociais e tecnológicas precisam entrar em debate na mídia e governo, para garantir o acesso à informação e reduzir os riscos que o mundo digital pode ocasionar. As vantagens e desvantagens da internet se tornam cada vez mais evidentes, e seu uso cada vez maior é o caminho inevitável para o futuro. O acesso à redes de alta velocidade tende a só aumentar, segundo Gartner os gastos mundiais em infraestrutura de redes 5G dobrarão.
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