Mulheres na Tecnologia: Liderança, Inclusão e Transformação no Ensino Superior

A presença feminina no setor de tecnologia.
A presença feminina na área de TI (Imagem: Falando Tech)

Nas últimas décadas, a presença feminina no setor de tecnologia tem crescido significativamente, refletindo-se tanto no aumento de mulheres ingressando em cursos da área quanto em suas conquistas no mercado de trabalho. No entanto, esse avanço ainda ocorre de maneira desigual. O crescimento gradual da presença feminina depende, em grande parte, do compromisso das instituições em promover a diversidade, por meio de ações afirmativas e garantindo ambientes mais inclusivos.

Projetos de extensão, redes de apoio e maior visibilidade de mulheres na mídia e no mercado têm desempenhado papéis essenciais neste contexto, assim como políticas públicas voltadas à equidade de gênero. Ações como mentorias com profissionais da área, eventos e oficinas voltados para meninas desde o ensino fundamental, criação de redes de apoio dentro das instituições, combate a discursos e práticas machistas nos espaços acadêmicos e incentivo a bolsas e programas específicos para mulheres em tecnologia têm um impacto significativo. Sem o engajamento efetivo das lideranças acadêmicas e administrativas, no entanto, o progresso tende a ser lento e desigual, exigindo um percurso longo e consistente para garantir a transformação necessária.

Apesar da visibilidade crescente e das discussões sobre equidade de gênero, as mulheres continuam sendo minoria, especialmente em cargos de liderança e em áreas tradicionalmente dominadas por homens, como as ciências exatas. Nesse contexto, a evasão feminina permanece um desafio, com muitas estudantes abandonando seus cursos devido à falta de representatividade, incentivos e ambientes pouco acolhedores.

Como docente em um centro universitário, pude contribuir para a conquista de espaços com maior participação de mulheres por meio de uma atuação estratégica. Desde a coordenação do curso, com o apoio da reitoria — que concedeu liberdade para focar na equidade —, foi possível iniciar um processo de transformação.

Essa mudança não se refletiu apenas nos números, mas também na qualidade da experiência acadêmica. Mulheres docentes também tendem a incorporar temas como diversidade, inclusão e ética de maneira mais orgânica nas aulas, enriquecendo a formação de todos os estudantes e alinhando o ambiente acadêmico com as demandas do mercado de trabalho. Elas se tornam espelhos e fontes de inspiração para outras mulheres, atuando frequentemente como redes de apoio e mostrando que a tecnologia é um campo acessível a todos.

Essa transformação não beneficia apenas as mulheres, mas toda a comunidade acadêmica e o mercado de trabalho, criando um ambiente mais colaborativo e inovador. A diversidade de gênero oferece novas perspectivas e formas criativas de abordar problemas e soluções. Estudos comprovam que equipes diversas são mais criativas, inovadoras e produtivas. No ensino, essa diversidade amplia o diálogo, combate estereótipos e cria um ambiente mais justo e colaborativo, essencial para o avanço da ciência e da tecnologia.

Com o compromisso das instituições e da sociedade, podemos construir um setor tecnológico verdadeiramente inclusivo, onde todas as vozes sejam valorizadas e tenham espaço para prosperar.

Escrito por: Kerlla de Souza Luz

Coordenadora dos cursos de tecnologia do UDF


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