Planilhas, relatórios, históricos, dados. Seja qual for seu mercado de atuação, é bastante provável que estas sejam ferramentas recorrentes do dia a dia de seu negócio. Aliás, a verdade é que esses registros não só devem fazer parte de sua rotina como também são valiosos atributos para, inclusive, ajudar a contar sua vida. Isso mesmo. Já imaginou o quanto todos os seus prontuários médicos espalhados por hospitais, clínicas, consultórios e afins. Podem dizer sobre quem é você?
Segundo relatórios da EY, o valor dos dados do sistema nacional de saúde do Reino Unido – o National Health System (NHS) – valia aproximadamente US$ 12 bilhões. Desnecessário dizer, no entanto, que esse número já está defasado. Afinal de contas, no mundo pós-pandemia, é desnecessário dizer que saúde e economia andam mais próximas do que nunca. No caso do brasil, esse montante poderia ser incrivelmente maior, já que estamos falando de uma estrutura pública, com cobertura continental.
O fato é que os registros da área médica podem ser a chave para evitar um novo surto global, assim como para melhorar a qualidade de vida em todo o mundo. Em uma sociedade cada vez mais orientada às informações, administrar os dados é parte essencial do trabalho para diagnosticar questões que afetarão o futuro em todas as escalas – do ponto de vista mais individual, no que diz respeito diretamente à nossa própria saúde, assim como em relação à gestão e aprimoramento da gestão pública da Saúde ou da experiência oferecida pelos hospitais, ambulatórios, laboratórios, centros médicos e todos os outros pontos dessa enorme cadeia.
Como tem sido provado durante a pandemia de Covid-19, estabelecer e acompanhar padrões e dados é fundamental para prevenir problemas de todos os tipos. Por isso mesmo, a análise da EY coloca a criação de um ecossistema mais inteligente como a grande prioridade para o desenvolvimento da indústria de saúde nos próximos anos. Mais do que uma atualização, será necessário que as empresas desse setor invistam em soluções que ajudem a analisar os dados com mais agilidade e eficiência, ao mesmo tempo em que entreguem mais segurança, estabilidade e performance às operações.
Isso se torna ainda mais urgente, no caso, quando nos lembramos de que a sociedade como um todo caminha para um estágio de multiplicação dos registros. Somente em relação ao mercado de healthcare, a expectativa é que o volume de dados cresça exponencialmente (atingindo mais de 175 zetabytes em 2025, segundo a IDC), graças ao avanço da tecnologia, com novos sensores, e a ascensão e temas como Inteligência Artificial, Machine Learning e 5G.
Em outras palavras, o valor que a análise de dados já tem hoje é infinitamente menor do que o Analytics terá em pouco tempo. Parece exagero? Então, pense em sua pulseira digital que, atualmente, já colhe e conhece bem seus hábitos de atividades físicas, batimentos cardíacos e até de sono e que, uma vez conectada à rede global, pode ajudar a predizer como anda a sua saúde e a vida de milhões de pessoas pelo planeta afora.
Mas não é preciso ir até esse futuro de sensores e conexões multinível para descobrir que o Analytics já é uma demanda vital para o mercado hospitalar e para as prestadoras de serviço na indústria médica. Ao contrário. Para tanto, imagine qual é o volume de dados gerado diariamente por um centro hospitalar que atende, em média, 100 pessoas por dia. Em um caso como este, já seria impossível gerenciar e organizar essas informações manualmente.
O Analytics, nesse contexto, pode ser o caminho para otimizar a administração de leitos, a organização dos insumos presentes nos estoques, a gestão dos documentos e arquivos e muito mais. Tudo isso, claro, respeitando a dinâmica e privacidade necessária em cada etapa de atendimento.
Uma forma simples, por exemplo, é maximizar a marcação de consultas ou procedimentos, escalando rapidamente as integrações necessárias (agendas, separação de equipamentos, reservas de salas etc.). Estamos falando de uma enorme gama de oportunidade para entregar uma experiência superior aos consumidores.
A inovação não precisa esperar a transformação que certamente virá quando o 5G chegar. Ao contrário. Acabar com prontuários em papel, simplificando o arquivamento, busca e integração de informações em um centro que forneça melhores opções para os clientes e mais agilidade à equipe é algo que já é essencial.
O futuro da saúde global está sendo construído hoje. E os líderes devem, portanto, entender que é preciso investir nessa e garantir a adoção das inovações que, de fato, agregarão valor à jornada dos consumidores e colaboradores. Inteligência Artificial, Data Analytics, Big Data e Dados precisam ser vistos como novos termos técnicos de quem opera um hospital. Assim como as planilhas podem ser usadas para contar nossas vidas, quem sair à frente na real transformação digital da saúde, certamente, terá mais história para contar.
Por Sandra Maura, CEO da TOPMIND
*Imagem: Pixabay