As bruscas e inesperadas transformações do último ano intensificaram a competitividade entre as empresas, cenário que reforçou a importância do uso racional dos recursos para a sobrevivência ou a prosperidade dos negócios. Uma ferramenta de eficácia indiscutível é a adoção de tecnologias que ajudem a otimizar processos, automatizar tarefas, reduzir erros nas operações e consolidar informações relevantes para que os gestores tomem as melhores decisões, entre muitas outras aplicações.
O ambiente envolve, ainda, uma aceleração sem precedentes do desenvolvimento de novas tecnologias, movimento que pressiona as empresas a atualizar seu parque de hardware (computadores, notebooks, servidores, monitores, smartphones e periféricos) em intervalos cada vez mais curtos. Afinal, novos aplicativos são lançados todos os dias e muitos deles requerem atualização de sistemas operacionais e, consequentemente, de equipamentos também atualizados.
O ponto é que nem sempre as empresas, espremidas pelos efeitos danosos da pandemia, têm caixa para arcar com tamanha e frequente despesa — mesmo que esse desembolso tenha caráter de investimento no negócio. As disponibilidades ficam ainda mais restritas diante da valorização do dólar, que impulsionou o aumento de cerca de 50% nos preços de computadores e notebooks novos no último ano. A própria emergência sanitária representou um papel de pressão sobre os preços, à medida em que por alguns períodos a China, principal fornecedor global, não deu conta de manter o abastecimento de componentes.
Há, no entanto, uma alternativa para as empresas contornarem essas dificuldades, e essa opção pode ser particularmente relevante para as pequenas e médias empresas (PMEs). Trata-se da aquisição de equipamentos seminovos.
Na última década, esse mercado secundário conquistou credibilidade com a entrada de players qualificados. Esses agentes da cadeia de suprimentos de TI oferecem certificação e garantia de hardware, assegurando a durabilidade dos produtos. Grandes empresas já perceberam a viabilidade do modelo, e neste ano devem comprar cerca de meio milhão de máquinas seminovas no Brasil, entre notebooks e desktops. O volume representa quase um terço das vendas totais de novos equipamentos.
Uma das vantagens mais evidentes da aquisição de seminovos está na relação entre custo e benefício, que melhora quanto mais equipamentos são comprados. Considerando que um seminovo custa, em média, o equivalente a 40% do produto novo, uma empresa consegue, pelo mesmo valor, incorporar entre 15 e 20 máquinas seminovas no lugar de apenas dez novas.
E existe uma destinação certeira para esses equipamentos seminovos: podem ser usados por colaboradores de áreas administrativas em atividades que não exigem nem alta capacidade de processamento nem robustez — como, por exemplo, a produção de documentos e planilhas e a alimentação de sistemas ERP. Há também um fator relacionado ao próprio avanço das tecnologias. Como existem cada vez mais dados em nuvem, os equipamentos utilizados por áreas administrativas e afins já não precisam ter grandes capacidades de armazenamento. Nessa dinâmica, o hardware seminovo pode perfeitamente atender as necessidades das empresas.
Ao decidir por equipamentos seminovos, as PMEs precisam observar aspectos essenciais, como a seleção de fornecedores que apresentem certificação (não apenas de procedência das máquinas, mas também do sistema operacional) e ofereçam garantia de pelo menos um ano. É igualmente aconselhável considerar o destino do equipamento ao final de sua vida útil, escolhendo fornecedores que trabalhem com modelos ambientalmente sustentáveis. Outra questão fundamental: cuidar para que o processo de sanitização das informações salvas nas máquinas seminovas adquiridas seja eficiente e esteja em conformidade com o que estabelece a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD).
É necessária, ainda, atenção ao atendimento pós-venda. Todo equipamento, novo ou usado, em algum momento demandará manutenção. A questão principal é garantir meios de reduzir o downtime dos colaboradores. Grandes corporações dispõem de muitos equipamentos e conseguem repor rapidamente uma máquina que eventualmente tenha que ter sido levada para reparo. Mas essa não é a realidade das PMEs. Como têm poucos equipamentos, a falta de um deles pode causar grandes transtornos para o negócio. Daí a importância de trabalharem com parceiros que assegurem a devolução da máquina em um ou dois dias, no máximo.
Em tempos difíceis, o crescimento — e até a sobrevivência — de um negócio depende da capacidade de adaptação. Não existem receitas prontas; cada empresa precisa avaliar suas necessidades reais e as alternativas disponíveis para atendê-las. No caso de infraestrutura, isso pode significar a combinação de vários modelos, como o uso de hardware novo, seminovo e locado, por exemplo. O importante é que os empresários conheçam bem as atividades desenvolvidas dentro de seus espaços e, com sabedoria, escolham os recursos necessários para cada perfil.
Por Leonardo Muller, diretor Comercial da Agasus
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