Empresas reavaliam estratégias de nuvem diante de pressões econômicas, demandas de IA e exigências regulatórias

Cresce no Brasil a demanda por nuvem híbrida e colocation, impulsionada pela IA, custos da nuvem pública e regras mais rígidas

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(Imagem: Falando Tech)

A demanda por soluções de nuvem híbrida e ambientes privados personalizados está crescendo de forma consistente, impulsionada por fatores como a adoção de inteligência artificial generativa, o aumento dos custos da nuvem pública e exigências regulatórias mais rígidas. Paralelamente, o mercado latino-americano de colocation (a hospedagem de servidores e equipamentos de rede dentro de data centers de terceiros) vive um momento de aquecimento, impulsionado pelas crescentes demandas de infraestrutura voltadas à IA e à nuvem pública. Nesse contexto, o Brasil se destaca como um polo de especialização na região.

Segundo o relatório ISG Provider Lens™ Private/Hybrid Cloud – Data Center Services 2025 para o Brasil, distribuído pela TGT ISG, os fornecedores de serviços de private hybrid cloud têm concentrado esforços no desenvolvimento de ofertas que transformem o antigo modelo baseado em capital (CapEx) em despesas operacionais (OpEx), com soluções sob demanda e altamente escaláveis. Essa tendência reflete o amadurecimento das estratégias multinuvem, que vêm sendo refinadas à medida que empresas avaliam os limites e benefícios das opções públicas.

No centro dessa transformação está a capacidade dos fornecedores de construir ambientes híbridos sob medida, nos quais cargas de trabalho são alocadas estrategicamente entre nuvens públicas e privadas. Esses ambientes oferecem vantagens importantes, como maior previsibilidade de custo, estabilidade operacional, maior controle sobre os dados e menor latência.

“Para consumidores que migraram para a nuvem pública, determinadas cargas de trabalho que não exigem os avanços tecnológicos mais recentes oferecidos por essas plataformas são candidatas ideais à nuvem privada. Elas se beneficiam da estabilidade, do controle e dos menores custos proporcionados por esse tipo de ambiente”, comenta Pedro L. Bicudo Maschio, distinguished analyst da ISG e autor do estudo da TGT ISG.

A crescente pressão orçamentária associada ao uso da nuvem pública tem levado muitas empresas a reavaliarem suas arquiteturas. “O aumento dos gastos com serviços de nuvem pública levou as empresas a repensar suas estratégias, o que, por sua vez, exigiu que MSPs e CSPs projetassem arquiteturas híbridas para reequilibrar as cargas de trabalho entre nuvens privadas e públicas”, comenta Pedro. Esse redesenho aponta para um equilíbrio inteligente, focado em atingir desempenho ideal com economia de custos.

A aplicação de tecnologias como AIOps e FinOps reforça ainda mais essa proposta de valor, permitindo automatizar rotinas, melhorar o autoatendimento e reduzir custos de operação. A integração com nuvens públicas, no entanto, continua essencial para aplicações que exigem baixa latência e uso intensivo de PaaS e serviços de IA. 

Nesse cenário, a infraestrutura de colocation desempenha um papel estratégico, com fornecedores especializados em engenharia e construção capazes de atrair investidores interessados em desenvolver novas instalações na América Latina para hospedar GPUs voltadas à IA e LLMs localmente. A expansão da infraestrutura se estende a países como Chile, Colômbia e México, com a construção de data centers modernos, preparados para altas densidades e sistemas de resfriamento avançados, como o líquido.

O relatório também destaca os desafios impostos pela geografia brasileira. “O vasto território geográfico do Brasil exige conexões de baixa latência entre as capitais dos estados. Para isso, os fornecedores investem em soluções de hiperconectividade com redes definidas por software (SDN)”, explica o autor. Outro diferencial do país é a abundância de fontes renováveis de energia, como a hidrelétrica, eólica e solar, recurso essencial para atender ao alto consumo energético das GPUs.

O relatório ISG Provider Lens® Private/Hybrid Cloud — Data Center Services 2025 para o Brasil avalia as capacidades de 50 fornecedores em cinco quadrantes: Managed Services — Large Accounts, Managed Services — Midmarket, Managed Hosting, Colocation Services e AI-Ready Infrastructure Consulting.

O relatório aponta Edge UOL, Equinix, Kyndryl e T-Systems como Líderes em três quadrantes cada. Ele aponta Accenture, Capgemini, Dedalus, EVEO, SBA Edge, TIVIT e Wipro como Líderes em dois quadrantes cada. Ascenty, Elea Data Centers, HostDime, inov.TI, MadeinWeb, ODATA, Scala Data Centers, Skynova, Stefanini, Takoda e Under são apontadas como Líderes em um quadrante cada.

Além disso, a Atos e a Central Server são nomeadas como Estrelas em Ascensão — empresas com um “portfólio promissor” e “alto potencial futuro” pela definição do ISG — em um quadrante cada.

Fonte: Mondoni Press


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