Na era do digital, saber reconhecer quais são as soluções que guiarão o futuro é um passo dos mais relevantes e complexos para empresas de todos os setores e tamanhos. A boa notícia, nesse caso, é que já é possível antecipar quais serão as guias-mestres entre as tendências tecnológicas para 2023. De acordo com as principais pesquisas do mercado, por exemplo, falando do avanço de quatro eixos: Computação em Nuvem, Inteligência Artificial (IA), Observabilidade e Sustentabilidade.
O primeiro desses eixos pode não parecer uma grande novidade, mas é um campo em plena transformação, crescimento e evolução. À medida que as organizações caminham rumo a modelos orientados por dados, com equipes fisicamente distantes, o ambiente para sustentar e agilizar os processos de negócios se torna um elemento ainda mais estratégico. E é neste cenário que aplicações baseadas na Computação em Nuvem se tornam essenciais.
Segundo pesquisas do Gartner, por exemplo, a maior parte dos gastos com tecnologia neste novo ano serão com soluções Cloud. Neste contexto, vale salientar que a área de Infraestrutura como Serviço (IaaS) será a vertical com o maior crescimento na indústria de Nuvem em 2023, com quase 30% de aumento. A explicação está na expansão do universo Híbrido que amplia, por sua vez, a necessidade de escalar ou equacionar as aplicações com maior elasticidade e melhor relação de custo-benefício.
Outra tendência que continuará a ganhar espaço e atenção no ano que chega é a expansão das ferramentas de integração, sobretudo as que incluem Inteligência Artificial, com o avanço de soluções de Inteligência Artificial adaptável e generativa. Conforme estudo da McKinsey, a adoção da Inteligência Artificial segue como um campo em destaque nos orçamentos de inovação e de experiência dos usuários, com nada menos do que dois terços dos participantes da pesquisa afirmando que os investimentos de suas empresas nesse segmento aumentarão nos próximos três anos.
Como resultado da maior adoção da Inteligência Artificial, devemos ver uma ampla gama de soluções ganhar tração no mercado, incluindo chatbots, assistentes virtuais e ferramentas automatizadas, entre outros. Esse é um movimento que vai ao encontro da crescente necessidade de personalização, com a valorização da experiência dos consumidores, e a automação das tarefas que possam ser agilizadas, sem o contato manual. Ganhos que só serão possíveis com o processamento de enormes conjuntos de dados e a utilização de recursos de Aprendizado de Máquinas e Deep Learning.
Os sistemas de Inteligência Artificial Adaptáveis, por exemplo, trazem como diferencial a possibilidade de contar com sistemas treinados continuamente, aprender em ambientes de tempo de execução, a partir de novos dados. Assim, a IA Adaptável permitirá que as próprias aplicações sejam capazes de se adaptar (rapidamente) ao mundo, conforme ele acontece. Eles usam aprendizado dinâmico para operações que exigem transformações rápidas e respostas otimizadas.
Para que todas essas aplicações – de Nuvem ou Inteligência Artificial – façam sentido, porém, é preciso que elas entreguem a máxima performance. É neste ponto que surge a observabilidade avançada, que nada mais é do que a capacidade de elevar o monitoramento de uma rede (ou aplicação), mostrando indicadores práticos sobre o desempenho obtido em cada detalhe da experiência oferecida por sistemas e recursos. Ou seja, essa é a solução para analisar e compreender onde é possível melhorar as coisas.
Paralelo a esses eixos, as empresas deverão falar muito mais sobre sustentabilidade, também do ponto de vista da TI. É preciso ponderar, entre outras coisas, que mais aplicações demandarão mais energia, envolverão mais dados, exigirão novos conhecimentos, mais talentos etc. Pensar a gestão do universo de tecnologia terá que incluir, cada vez mais, como a estratégia a ser seguida se encaixa à agenda ESG.
O Gartner recentemente indicou, inclusive, que a sustentabilidade influenciará que permeará todas as tendências tecnológicas estratégicas para 2023. Segundo analises recém-divulgadas, as mudanças ambientais e sociais estão entre as três principais prioridades para os executivos, e a aplicação da tecnologia será um componente vital para atingir esses objetivos.
Afinal de contas, para tornar as operações verdadeiramente sustentáveis, as companhias precisarão indubitavelmente de estruturas para adequar a eficiência no uso de recursos naturais e sociais – e os serviços de TI devem acompanhar e sustentar essa sustentabilidade. Acompanhar o mercado de tecnologia, porém, está longe de ser uma tarefa fácil: este é, afinal, um campo em constante evolução, com inovações surgindo diariamente para influenciar e mudar os negócios.
Evidentemente, as tendências para 2023 não se resumem a um ano. Ao contrário, dizem muito mais respeito à visão de futuro das organizações em relação à mobilidade, automação e tomada de decisão, além de sustentabilidade, governança e gestão. Aplicar esses pontos, por sua vez, está longe de ser um projeto de começo, meio e fim – a jornada é contínua e exigirá que as empresas tenham atenção e invistam a cada dia mais em conhecimento e colaboração. Se é complexo dizer como será o futuro da TI, ao menos podemos dizer, desde já, que fazer sozinho não é mais uma opção. Essa, talvez, seja a grande tendência e lição que temos de carregar para o amanhã dos negócios: é fundamental seguir aprendendo, somando forças e maximizando as oportunidades.
Por Sandra Maura, CEO da TOPMIND
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