Há quinze anos, quem poderia imaginar que seria possível trabalhar, fazer compras, ter planos personalizados para treinos da academia e conseguir organizar investimentos em bolsas globais sem sair de casa? Hoje tudo isso está ao nosso alcance graças à transformação digital, com uma série de conceitos como algoritmos, robôs, Inteligência Artificial e Machine Learning, entre outros. Mas o que isso significa para o nosso mundo, afinal?
Para início de conversa, é preciso deixar claro que o avanço do digital marca uma revolução no modo como nós lidamos com o mundo em si. Mais do que novas plataformas, estamos buscando e nos conectando a soluções que rapidamente estão alterando hábitos que pareciam verdadeiramente consolidados em nossa rotina – pense, por exemplo, em como usávamos o banco antes dos Apps ou como era o processo de decisão de uma compra sem todas as pesquisas no Google.
Neste contexto, um ponto que merece destaque é o uso dos algoritmos. Embora a presença deste ‘modelo’ não seja nenhuma novidade histórica (o primeiro registro de um algoritmo foi em 300 a.C), é possível dizer que nos últimos anos os algoritmos têm sido partes fundamentais para o desenvolvimento das inovações que, hoje, estão tornando nossa vida mais fácil e prática.
E o que seria, então, um algoritmo? Resumidamente, algoritmos são conjuntos de regras e operações lógicas que levam à solução de um problema por meio de etapas especificamente definidas. Em outras palavras, é a definição de um método, compassos, variáveis e modelos de análise diretamente definidos para executar uma determinada tarefa – não somente para o mundo on-line, claro, mas também para o off-line.
Parece uma ideia simples, mas o fato é que os algoritmos da era digital se tornaram elementos grandiosos e complexos. Por meio de bilhões de correlações e análises, o desenvolvimento dos algoritmos vem ajudando a criar mapeamentos de processos, gostos e características de cada tarefa a ser executada. O combustível para essas análises, é importante salientar, são os dados deixados por nós na Web.
E são muitos dados, obviamente. Estima-se, por exemplo, que 90% do conteúdo criado pela humanidade tenha sido produzido nestes últimos cinco anos. No Brasil, uma recente pesquisa realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) destacou que pouco mais de 80% da população utiliza a Internet, o que significa que o cerca de 152 milhões de pessoas, de algum modo, estão deixando pistas sobre seus hábitos e necessidades na rede mundial de computadores.
A combinação de mais gente produzindo dados e a evolução tecnológica dos algoritmos digitais tem propiciado a criação de mecanismos cada vez mais inteligentes, oferecendo soluções arquitetadas para compreenderem e apoiarem nosso cotidiano como um todo, sendo possivelmente fundamentais para a criação de jornadas únicas e com mais valor.
Em uma marcada pela necessidade de se oferecer experiências inovadoras, o uso da tecnologia é o que tem ajudado a redefinir o que é essencial para otimizar a rotina das pessoas em todo seu dia a dia – na execução dos trabalhos, no uso inteligente de escritórios, na definição dos trajetos fora de casa, na hora das compras, na automação de nossas casas etc. Acoplados a recursos como automação via robôs, Inteligência Artificial e Machine Laearning, os algoritmos têm permitido que nós sejamos capazes de reduzir as barreiras burocráticas e acelerar o empoderamento dos consumidores para encontrarem o que, de fato, elas procuram.
Isso significa dizer que a automação vai muito além da tecnologia. O que os algoritmos nos trazem, de maneira prática, é um diverso espectro de vantagens para nossa vida. Estamos falando de mais praticidade, agilidade, assertividade e capacidade de inovação, reduzindo erros e maximizando a produtividade das pessoas naquelas operações que realmente geram valor às companhias e clientes.
Com todo esse arcabouço tecnológico, estamos aos poucos caminhando para eliminar ou acelerar a realização de processos repetitivos e burocráticos. Muitas vezes, a tecnologia é o caminho para automatizar ações que sequer deveriam existir – ou que não estão presentes no cerne das atividades de uma empresa.
Algoritmos devem ser criados para simplificar e maximizar a vida das pessoas. Saber implementar a inovação, portanto, requer um sólido conhecimento de quem está por trás, ou a frente, das soluções tecnológicas em si. Mais do que conhecimento em TI, portanto, a criação de valor a partir de tecnologia requer o olhar de gente de verdade. Sim, porque os algoritmos e robôs podem deixar tudo mais fácil, mas eles ainda não são capazes de compreender o que nos torna diferentes e únicos.
Por Sandra Maura, CEO da TOPMIND
*Foto de Christina Morillo no Pexels