Quais os principais desafios da gestão da logística reversa dos eletroeletrônicos e eletrodomésticos no país?

Desafios na gestão de resíduos sólidos no Brasil: setor pouco desenvolvido, obstáculos para empresas e cooperativas legalmente habilitadas.

Helen Brito – Gerente Relações Institucionais da ABREE
Imagem: divulgação / ABREE / Helen Brito

A atual realidade sobre a gestão dos resíduos sólidos no país é bastante desafiadora, pois é um setor que não se encontra plenamente desenvolvido na maioria dos municípios brasileiros, o que também dificulta o surgimento, desenvolvimento e manutenção de empresas privadas e cooperativas de catadores legalmente habilitados para o armazenamento e tratamento de resíduos, principalmente no setor de eletroeletrônicos e eletrodomésticos. 

O Brasil tem uma extensão territorial continental, mas uma malha logística limitada, principalmente na integração de seus estados e municípios. Além disso, a maior concentração de recicladores que fazem manufatura reversa encontra-se nas regiões Sul e Sudeste, seguidas pelo Nordeste, com uma maior escassez nas demais regiões brasileiras. 

Diante disso, podemos listar outros desafios que precisam ser superados para então avançarmos no tratamento e destinação final do setor: 

  • Recuperação de materiais: a maioria dos dispositivos eletroeletrônicos e eletrodomésticos contém materiais tóxicos, tais como chumbo, mercúrio, cádmio e outras substâncias químicas perigosas, exigindo, assim, um manuseio especializado para evitar a contaminação ambiental. O aumento do consumo desses produtos torna a recuperação desses materiais ainda mais crucial e desafiadora devido ao alto volume. 
  • Responsabilidade: a cada ano, o consumo aumenta e a tecnologia atrai consumidores ávidos por inovações, mas, na maioria das vezes, os produtos antigos que foram substituídos são descartados de maneira inadequada. Portanto, a reciclagem desses equipamentos requer a colaboração dos fabricantes, importadores, varejistas, distribuidores, governos, organizações não governamentais e, sobretudo, dos consumidores, a fim de fomentar uma infraestrutura adicional para lidar com o aumento na coleta e transporte dos resíduos. 

Por conseguinte, a conscientização, a educação e o estabelecimento de políticas públicas sólidas e divulgação de informações pelo setor privado desempenham um papel crucial na promoção de um ciclo de vida mais sustentável para os dispositivos eletroeletrônicos e eletrodomésticos, visto que a redução do impacto ambiental contribui para a edificação de um futuro mais ecológico e responsável. 

O esforço de incentivar a população a fazer escolhas de empresas, produtos e serviços com responsabilidade ambiental corrobora para mudanças substanciais na sociedade. 

*Por Helen Brito – Gerente Relações Institucionais da ABREE — Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos. 


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