IA responsável é a chave para uma jornada digital eficiente nos bancos

Everton Arantes é fundador e CEO da Prime Control
Everton Arantes – Imagem: Thabata Mondoni / divulgação / Mondoni Press

Lá se vai mais uma edição da Febraban Tech, e bate aquele sentimento de que passou rápido demais, mas que também deixa a certeza de que as tendências em tecnologia e inovação para o setor financeiro que vimos por lá ditarão os movimentos do mercado até a próxima edição. Durante os 3 dias de evento, lideranças e especialistas discutiram inúmeros temas para o setor, mas um deles tomou conta do evento todo: Inteligência Artificial. Só se ouvia IA para lá, IA para cá… o tema dominou todas as rodas de conversa, e bastava andar pelos pavilhões para notar que em praticamente todos os stands a IA estampava as paredes e painéis digitais.

As discussões sobre IA permearam todas as jornadas do setor financeiro, mas me chamou atenção ver a importância que o tema ganhou na jornada de experiência do cliente, na redução de custos no fluxo de desenvolvimento e em como garantir segurança, confiabilidade e proteção para os dados. Mergulhando mais a fundo neste tema, podemos dizer que todos eles estão relacionados com a extrema importância de cuidar da experiência do cliente, pois erros e inconsistências percebidos durante a navegação nos apps, sites e internet banking se relacionam diretamente com o índice de satisfação do cliente e a percepção de confiança e segurança, assuntos esses extremamente críticos quando falamos do setor financeiro e que continuam a inundar as áreas de atendimento e suporte, gerando impacto direto no custo de atendimento.

Olhando para este cenário, boas estratégias de testes, que envolvem os mais diferentes tipos de validações, atuam como ferramentas vitais para antecipar problemas e evitar que eles aconteçam e impactem o cliente. E com o uso da IA cada dia mais consolidado, é possível de forma madura incorporar o uso de automação em toda a jornada de testes, cobrindo aspectos de segurança, funcionalidades e até mesmo visuais. Uma boa estratégia de testes de software hoje deve ser contínua, com monitoramento em tempo real, sendo capaz de impactar positivamente a percepção do cliente, tendo papel fundamental na redução dos custos de desenvolvimento e atendimento.

A Inteligência Artificial vem assumindo o papel de copiloto em toda a cadeia de desenvolvimento de aplicações, auxiliando os times de tecnologia em todas as etapas, analisando dados e comportamento, ajudando a definir e priorizar o backlog de requisitos, permitindo escrever melhores user stories, apoiando desenvolvedores a corrigir inconsistências no código e auxiliando na automação dos testes. Todo esse fluxo define o que o cliente de um banco ou qualquer outra instituição financeira irá ver no site, home banking e app no celular. Usar IA e automação permite acessar facilmente documentações, logs e código, criando uma experiência imersiva, detalhada e o mais importante, resolutiva. Isso é parte da receita para entregar uma experiência incrível para o cliente.

Olhando para trás, quando comecei a trabalhar com testes, tudo era manual. Com a IA, um mundo de novas oportunidades se abriu, e agora temos a missão de ser cada vez mais eficientes e assertivos para garantir que o cliente navegue de forma fluida e segura durante toda sua interação. Já são quase 20 anos trabalhando com estratégias de testes para aplicações e, hoje, liderando um time de 300 especialistas em testes na Prime Control, me sinto confortável em dizer que empresas que se preocupam de verdade com a experiência do cliente, constroem estratégias robustas e inteligentes de Quality Assurance (QA), e conectam esta estratégia em todas as etapas de desenvolvimento, desde a concepção até o monitoramento no ambiente de produção.

Contar com agentes de IA como copiloto durante este processo é fundamental para lidar com a complexidade presente em todas as regras de negócio que proporcionam uma melhor experiência do cliente. Estes agentes não humanos apoiam humanos inteligentes no entendimento e detalhamento de todas estas regras, permitindo de forma massiva e em escala testar se tais regras estão sendo respeitadas durante as interações do cliente.

Quando falamos de usar a IA no ciclo de testes, e sabendo do desafio e riscos do desenvolvimento de código seguro, conseguimos ajudar a aumentar a cobertura de testes unitários e funcionais escalando isso para validar como se comporta em diferentes devices, afinal hoje temos uma infinidade de tipos de celulares e computadores em uso no Brasil e nem todos se comportam da mesma maneira.

Já imaginou você abrir a sua conta do banco e por alguma razão o seu saldo aparecer errado? Ou tentar fazer uma transferência e não conseguir ter certeza se ela foi feita, pois o aplicativo travou logo depois de apertar o confirmar? Estes cenários ilustram bem a importância de uma estratégia robusta de testes, pois ela impacta o coração do negócio. Todos querem e precisam confiar nas suas instituições financeiras.

Na Prime Control, com nosso time de engenheiros de testes, desenvolvemos uma plataforma de testes, a TestCaseGen, que com uso de IA conseguimos de forma automatizada ler as estórias (user stories/use cases) no seu backlog e escrever os diferentes cenários de testes. Com ela conseguimos trazer muito mais eficiência para o fluxo, reduzindo custo e possíveis erros humanos neste processo.

Nesta plataforma, temos módulos especializados que dão maior profundidade em cada etapa, como por exemplo, StoryGen que revisa e aprimora os épicos, features e user stories de forma automatizada; o Unit TestGen que automatiza e escala a cobertura de testes unitários, garantindo a criação e a manutenção destes cenários; e o API TestGen, que com o uso do conceito de low code é possível cobrir todos os testes de APIs de forma simples, afinal em arquiteturas modernas de soluções e software, quase tudo é API.

Além do TestCaseGen, que tem foco no processo de fluxo de desenvolvimento, criamos outras duas soluções que cuidam do processo de testes com o “carro em movimento”, o Prime Synthetic, que gerencia contas bancárias reais como massa de testes, permitindo que as squads executem testes automatizados ou manuais no ambiente de produção. E por fim, como nosso objetivo é garantir a experiência e satisfação do cliente, criamos o Prime RUM, que monitora em tempo real, usuários reais, identificando e resolvendo bugs de forma muito rápida e que também traz insights importantes que retroalimentam o backlog de evolução dos produtos e serviços digitais.

Todos que estiveram na Febraban Tech 2024 foram lá para mostrar o que têm de melhor, as últimas tendências e inovações. Ao participar de um evento assim, é possível mostrar que o mercado financeiro e de tecnologia está preparado para fazer o melhor, o diferente e ajudar o consumidor a dar o próximo passo é ir mais longe na jornada digital. Isso passa pelo avanço em automação de processos, qualidade de software e pela entrega de mais experiências transformadoras no dia a dia.

Meu objetivo aqui é tentar mostrar que o uso da IA, hiper automação e low code não é um sonho, e sim uma realidade concreta. Soluções robustas estão aí, disponíveis para cuidar da experiência do cliente de ponta a ponta. As soluções que construímos na Prime Control ilustram o quanto já avançamos com a missão de embarcar Inteligência Artificial no ciclo de desenvolvimento de jornadas digitais e no ciclo de testes e monitoramento delas em ambiente de produção. O desafio não está em escolher qual ferramenta usar, mas sim em qual parceiro trazer para perto e que tenha a capacidade de apoiar na construção de estratégias mais holísticas de testes, que permeiam todas as etapas de uma experiência digital e não apenas montar squads de QA. A chave deste jogo está em ter bons engenheiros de teste e excelentes estrategistas que amem ver clientes satisfeitos.

*Por Everton Arantes

*Everton Arantes é fundador e CEO da Prime Control.


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