Barreiras tarifárias, regulatórias e alfandegárias limitam IoT no Brasil, alerta ABINC

Internet das Coisas
Imagem: Arkadiusz Wargula / Canva

Mesmo com o constante crescimento do cenário de IoT no Brasil, os impostos inviabilizam a maioria dos projetos e mantêm o país atrasado em comparação com o cenário global, é o que diz Paulo Spaccaquerche, presidente da Associação Brasileira de Internet das Coisas (ABINC). O especialista destaca que “o problema do Brasil é que se dá um passo para frente e dois para trás” e que mesmo com o Plano Nacional da IoT e a implementação do 5G em território nacional, os avanços estão lentos em comparação a outros países.

Paulo, entretanto, revela que o cenário é mais promissor na América Latina, com o Brasil se destacando mesmo com o rápido avanço das nações vizinhas. “Com relação à América Latina, estamos um pouco melhor. Entretanto, países como Argentina, Chile e até mesmo o México estão ficando mais próximos do Brasil. A ABINC participa de uma entidade na América Latina que fala sobre IoT nesta região. Eles olham para o Brasil como modelo, só que eles fazem e nós estamos parados por barreiras regulatórias, alfandegárias e tarifárias”.

Isso se mostra, principalmente, quando há a necessidade de importação de equipamentos para desenvolvimento tecnológico. “Você acaba tendo um trabalho de importar equipamento que não está disponível no Brasil e os preços são absurdos, o que inviabiliza alguns projetos. Então, o desafio no Brasil é ter condições de desenvolver um projeto com tecnologia nacional”, explica. “Outro ponto é a falta de mão-de-obra. A ABINC tem parcerias com entidades como Mackenzie, Senac e Senai para a formação de novos profissionais especializados no setor”.

Apesar disso, o presidente da Associação revela que há um trabalho constante para fomentar a adoção de IoT no Brasil e que a ABINC atua junto ao governo para auxiliar na criação de projetos e medidas para este fim. “Nós trabalhamos muito com relação à parte de regulamentação, pois o Brasil ainda está carente disso. Em 2021, foi assinado um projeto para os próximos 5 anos que é um incentivo para fomentar, explicar e evangelizar o IoT no país”, explica.

Paulo destaca que, no quesito avanços, o Brasil tem muito sendo feito, principalmente na área de saúde, uma vez que a implementação da rede 5G no país abriu a oportunidade para o desenvolvimento de redes privativas de alta velocidade e baixa latência, o que não era possível antes. “O setor de agronegócio também está cada vez mais investindo em IoT e a área de cidades inteligentes vem crescendo bastante, com destaque na parte de iluminação, que é onde o desenvolvimento começa, e depois expande para segurança, tráfego, entre outros”.

De acordo com o estudo ISG Provider Lens™ Internet das Coisas (IoT) – Serviços e Soluções 2022, criado pela TGT/ISG em parceria com a ABINC, o número total de dispositivos conectados pode chegar a 27,1 bilhões até  2025. O relatório indica que a gestão e monitoramento de ativos de toda natureza e o uso de dados e inteligência artificial (IA) para tomada de decisão passou a ser uma atividade comum em áreas como Telecomunicações, Agronegócio, Medicina, Logística e com mais frequência em processos fabris.

Segundo David de Paulo Pereira,  autor do estudo e analista líder da TGT/ISG, o cenário de IoT no Brasil continua em crescimento, tanto em termos de quantidade de dispositivos conectados quanto na diversidade de aplicações. “Com o advento do 5G e a expansão contínua das redes de comunicação, é esperado que mais dispositivos sejam conectados e possam compartilhar dados em tempo real. O país já apresenta casos de sucesso em diversos setores, sendo um grande filão brasileiro, tornando essas áreas mais eficientes e produtivas”.

Para este e os próximos anos, o especialista destaca que o uso de soluções IoT como viabilizadoras das iniciativas de ESG ganhou destaque, com várias empresas apresentando soluções voltadas para o meio ambiente, além de uma atenção especial às questões de segurança e privacidade. “A integração de soluções de IoT com outras tecnologias, como inteligência artificial, computação em nuvem e computação de borda (edge computing), proporcionará análises mais precisas e insights valiosos em diversos setores”.


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