Agronegócio: Rio Grande do Sul almeja aumentar a área irrigada em 100 mil hectares
Estiagens prejudicam produtores gaúchos. Governo anuncia investimento em irrigação para minimizar impactos.
Estiagens prejudicam produtores gaúchos. Governo anuncia investimento em irrigação para minimizar impactos.
Nos últimos anos os produtores gaúchos sofreram com as fortes estiagens que castigaram o Estado. Estima-se que o prejuízo financeiro pela seca nas lavouras de soja do Rio Grande do Sul somente na safra 2022/23, passou da casa dos R$ 28 bilhões. Para tentar minimizar todos esses impactos nos próximos anos e deixar esse problema no passado, o Governo do Estado anunciou R$ 213,2 milhões para a subvenção de projetos de irrigação. A expectativa das autoridades é que em até quatro anos, a área irrigada gaúcha aumente em 100 mil hectares, um incremento de 33% das principais culturas de sequeiro, como milho e soja.
De acordo com Marco Sanchotene, técnico em agropecuária e diretor da Sanchotene Agronegócios, distribuidor da Lindsay América Latina, empresa representada pelas marcas Zimmatic™ e FieldNET™, e que atua na metade sul do RS, o Governo do Estado já vem há alguns anos fomentando esse movimento em pró da irrigação, fazendo as modificações para tentar simplificar o processo de licenciamento que sempre foi o grande entrave. “Agora com esse subsídio anunciado no Programa Supera Estiagem, sem dúvida diversos produtores que tinham projetos de irrigação parados poderão retomar”, diz.
Para iniciar o programa, já neste ano estão assegurados R$ 20 milhões destinados ao pagamento parcial dos projetos de irrigação. O Estado oferecerá a subvenção de até R$100 mil por produtor rural ou 20% do valor do investimento como uma forma de incentivar as ações. O Supera Estiagem é destinado a toda classe produtora do RS (pessoas físicas) e busca apoiar projetos de implantação ou ampliação de sistemas de irrigação (por aspersão, localizada ou por sulcos); e construção, adequação ou ampliação de reservatórios de água para fins de irrigação. “Este é um valor muito expressivo que com certeza vai ajudar a reduzir os impactos das estiagens nos próximos anos. O ganho será muito grande”, destaca Sanchotene.
Desburocratização da irrigação
Além do importante subsídio para financiar os projetos, as autoridades gaúchas também anunciaram mais uma importante mudança. O Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema) abriu consulta pública referente à minuta de Resolução que estabelece os Procedimentos de Licenciamento Ambiental dos Empreendimentos de Irrigação no Estado, a qual foi aprovada em reunião da Câmara Técnica Permanente de Agropecuária e Agroindústria do Consema, realizada em 1º de março de 2024. A consulta ficará aberta por 30 dias corridos.
Segundo Sanchotene, este é um tema muito importante e ao mesmo tempo delicado, pois o objetivo da iniciativa é facilitar o licenciamento ambiental, mas isso não significa relaxar os cuidados com o meio ambiente. Na prática, a mudança proposta é extraordinária. Até então, para a realização de projeto de irrigação por pivô, além da outorga do uso da água (construção da reserva, seja ela açude, barragem ou a captação mesmo direta de um rio), eram necessárias outras três licenças: uma prévia, uma de instalação e outra de fato que autoriza a operação.
Todo esse processo, além de demandar muito tempo, gerava muitos custos, o que acabava desestimulando os produtores diante da burocracia. “Isso não fazia muito sentido, pois, toda questão ambiental que existe na instalação do sistema de irrigação está 100% na questão da captação de água e não no pivô. Afinal, o equipamento só tem vantagens ambientais, pois a partir do momento que se irriga, melhora a produtividade e evita-se que se abra novas áreas, com a verticalização da produção”, detalha o especialista.
Conforme explica Sanchotene, com a nova proposta, elimina-se a necessidade destas três licenças e o foco das autorizações fica somente na construção de reservatório de água. “Tudo ficará mais prático e lógico. Essa mudança destrava a irrigação no estado o que vai trazer muitos benefícios a economia e ganhos positivos nas safras futuras”, finaliza.
*Fonte: Rural Press