Representatividade feminina, IA e saúde mental: as tendências para o mercado de programação
Pesquisa Código Fonte 2024 revela panorama e desafios para programadores brasileiros, incluindo saúde mental e inclusão feminina
Pesquisa Código Fonte 2024 revela panorama e desafios para programadores brasileiros, incluindo saúde mental e inclusão feminina
A Pesquisa Código Fonte 2024, divulgada recentemente, traz um panorama sobre o mercado voltado a programadores e desenvolvedores brasileiros, incluindo os que vivem e trabalham no exterior. Também aponta caminhos a serem explorados nos próximos anos e acende alertas para reverter cenários negativos, como a preocupação relacionada à saúde mental dos profissionais e a baixa representatividade feminina no mercado.
Quanto ao hypedo momento, a Inteligência Artificial, o levantamento mostra que a IA está cada vez mais integrada aos processos de programação. Porém, reconhece um movimento que acredita que a tecnologia não vá substituir completamente a figura do programador humano: 83.6% dos devs já utilizam inteligência artificial para programar e 53.7% crê que a IA não substituirá esses profissionais no futuro.
“Hoje a IA se tornou um parceiro de trabalho. Integrá-la à dinâmica do dia a dia ajuda a otimizar processos repetitivos na programação e permite que o desenvolvedor se concentre apenas nas tarefas onde a criatividade é necessária. IA é repetição a partir de comandos, mas o fator criativo é inerente ao ser humano, por isso a IA não vai desbancar o programador”, afirma Isabela Castilho, CEO da escola de programação Rocketseat.
Representatividade feminina
O tema que chama atenção é a escassez de mulheres na programação, representando apenas 9,2% do setor. “É um dado que preocupa, pois ainda é possível perceber certa resistência a uma maior participação feminina na programação, que aumenta à medida que os cargos sobem de importância. Nas posições de liderança, é mais raro ainda. Precisamos oferecer oportunidades, abrir portas e dar o espaço para a mulher programadora”, analisa Isabela. Programadora de formação, Isabela é exceção à regra: ocupou várias funções na empresa até assumir como CEO, há pouco mais de 1 ano, aos 32 anos, e lidera uma organização em que mais da metade dos colaboradores são mulheres.
Saúde mental
A saúde mental dos profissionais é outro fator que gera preocupação no mercado. A pesquisa aponta que cerca de 72% dos profissionais já sinalizaram sinais de estresse e ansiedade em função da dinâmica de trabalho. Apesar de menores, relatos de burnout e depressão também estão elencados.
“O dia a dia de um programador pode ser estressante. É olhar para uma tela cheia de códigos, todos os dias, o dia inteiro. As empresas precisam promover iniciativas para cuidar da saúde mental dos profissionais, pois o bem-estar é fundamental e está diretamente relacionado à produtividade. Um(a) dev feliz entrega mais resultados. As máquinas são os computadores. É importante olhar para essa questão com o cuidado que o profissional merece”, destaca a CEO da Rocketseat.
Renascimento do full-stack
Outro destaque é o renascimento do full-stack. Isabela Castilho explica sobre o cargo: “É o programador versátil, que domina tanto os quesitos mais técnicos e de ‘bastidores’ de uma aplicação, quanto questões visuais e de experiência do usuário. E é essa posição que o mercado está buscando hoje”. Os números provam isso: a maioria dos programadores (34.77%) atualmente são full stack, ou seja, capazes de trabalhar tanto em back-end quanto em front-end. Desenvolvedores full-stack são maioria até a faixa de R$9 mil, quando são ultrapassados pelos back-end. Na faixa salarial entre R$20 mil e 30 mil, os desenvolvedores back-end e full-stack são maioria.
De maneira mais prática, o programador front-end é responsável pelo que seus usuários veem: layouts, botões, caixas de seleção, gráficos e mensagens de texto. É a parte palpável para o usuário final e cria a interação com sua aplicação. O back-end é focado nos dados e na infraestrutura que fazem sua aplicação funcionar, o que não aparece para quem está com o celular na mão.
“O cenário atual favorece e clama pela chegada de novos desenvolvedores, sejam iniciantes ou experientes. A meta é suprir uma demanda que deve aumentar de maneira exponencial, à medida que a IA e outras ferramentas avançam e necessitam de posições que as dominem. O mercado de programação nunca esteve tão aquecido”, conclui a CEO da Rocketseat.