A Terceira onda: Como a IA pode transformar os sistemas de gerenciamento de vídeo

O crescente interesse por inteligência artificial no setor de segurança física pode significar que os sistemas de gerenciamentos de vídeos atuais (VMS) estarão brevemente obsoletos em função da chegada de sistemas baseados em recursos de inteligência analítica, em alta velocidade, com os quais a capacidade humana não pode competir. Isto porque os sistemas tradicionais de vigilância por vídeo gravam e fornecem imagens, mas não levam inteligência às operações de segurança.

No entanto, a união dos dois mundos pode aumentar o interesse em torno de uma solução que previna e resolva os problemas de proteção. Isso se deve ao fato que, uma vez resolvido o problema de infraestrutura para capturar e acessar imagens, os usuários tendem a focar em extrair valor e resolver problemas de segurança e operação, o que após a migração do vídeo para IP, e o advento do sistema de gestão eficaz de vídeo, faz com que a análise de vídeo potencializada pela inteligência artificial torne-se a terceira onda em gerenciamento de vídeo.

Aproveitando o machine learning, os algoritmos e a visão computacional, os sistemas de defesa com IA transformam imagens em dados para levar inteligência aos mecanismos de vídeo e apoiar os órgãos de segurança pública. Também é possível através das imagens geradas, utilizar o próprio sistema para aumentar o nível de precisão dos analíticos; isso é basicamente a IA treinando a IA, para que o conteúdo de vídeo seja processado e interpretado com eficiência, permitindo a detecção de ameaças em tempo real.

Esses sistemas inteligentes estão prontos para se tornar o padrão do mercado, oferecendo soluções que minimizam os desafios cotidianos dos agentes e aumentam a segurança geral tanto no setor público quanto no privado. A partir de situações reais, como os movimentos que o assaltante faz antes de abordar uma vítima, podem ser capturados em diversas situações e assim cria-se algoritmos que entendem o padrão como uma situação de perigo. A IA exigirá que os integradores e executivos de segurança se envolvam mais com o setor em que os usuários finais operam, concentrando-se no desenvolvimento personalizado dessas tecnologias de acordo com o desafio de cada região e segmento.

Para aprimorar a consciência situacional e agilizar a tomada de decisões, é fundamental a integração inteligente das câmeras, que podem se conectar à nuvem e aos smartphones para transmitir imagens em tempo real e reduzir o tempo de resposta a uma ocorrência. O VMS de hoje evoluirá para um sistema alimentado por IA o que podemos chamar de DVMS ( Data Video Management System). Se uma indústria ou canteiro de obras precisa garantir o uso de EPIs, a análise de vídeo e os alertas de IA para detecção de capacete/equipamento de proteção são mais precisos e consomem menos tempo do que as verificações manuais. Eles dão à empresa a capacidade de cumprir as normas de segurança. 

Para que o conceito DVMS seja adotado como standard, e aplicado para a maioria dos sistemas de monitoramento, é necessário que exista uma alta precisão de detecção da plataforma de vídeo analítico, detecção essa que atualmente não é garantida pelos analíticos gratuitos existentes nas câmeras ou sistemas de gestão atuais. Um sistema com alta precisão de detecção dispensa a necessidade de gravação e monitoramento de tudo, facilitando a tomada de ação imediata e a busca das imagens. As investigações são muitas vezes essenciais, porém tomam tempo e já não possuem o mesmo efeito de flagrante de um alerta em tempo real, que pode evitar crimes e salvar vidas, além de economizar recursos com infraestrutura de gravação e de visualização.

 Já na questão de compatibilidade, é fundamental que a tecnologia aplicada seja agnóstica, ou seja, possa operar em qualquer projeto de videomonitoramento em ambiente IP, compatível com quaisquer marcas das câmeras ou mesmo em sistemas de gerenciamento de vídeo.  Afinal, seja na segurança pública ou privada, é importante quando investimentos significativos já realizados em câmeras, por exemplo, sejam aproveitados – o foco é levar inteligência e agilidade para as operações rotineiras de segurança.

Com isso, as organizações podem focar no que interessa e quando interessa (see what matters when it matters), poupando tempo e esforços de agentes, otimizando as operações e reduzindo custos dedicados a hardware para gravação. Com a solução, o monitoramento de vídeo se torna mais eficaz e a cobertura e abrangência de toda solução pode ser maior, bem como o retorno esperado.

O vídeo é uma excelente ferramenta para coibir crimes e reduzir índices de violência, mas para obter resultados significativos, é fundamental que o processo de monitoramento, análise e de alertas seja inteligente.

*Por João Paulo Florentino de Sousa, vice-presidente da Irisity para a América Latina