A tecnologia deve ser vista como aliada da educação, na facilitação do aprendizado e na inclusão social
Mais de dois anos se passaram desde que as primeiras escolas precisaram realizar extensas mudanças para readequarem seus formatos de aulas e continuarem levando educação a alunos de todo o País em meio a uma pandemia. Com o desafio de cuidar da saúde de estudantes e professores e, ao mesmo tempo, manter a qualidade das atividades, colégios e educadores tiveram de buscar novas soluções para otimizar o aprendizado enquanto o mundo lutava para superar este período de extrema tensão e distanciamento causado pelo Coronavírus.
A saída encontrada foi desenvolver uma nova cultura de ensino remoto, com mais acesso à tecnologia e à conectividade para fazer chegar até as residências dos educandos aulas e materiais qualificados e interessantes para o ano letivo e o conhecimento não serem perdidos.
De acordo com um levantamento do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), 99,3% das escolas brasileiras de educação básica suspenderam todas as atividades presenciais durante a pandemia, tendo que partir para o digital. Mais de 98% dos colégios adotaram estratégias não presenciais de ensino. Apesar dos esforços, no entanto, a evasão escolar foi grande. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), cerca de 244 mil crianças e adolescentes entre 6 e 14 anos estavam fora da escola no segundo trimestre de 2021, um aumento de 171% em relação ao mesmo período de 2019, o que mostra os efeitos da pandemia no setor.
Com a pandemia agora atenuada, as instituições de ensino estão aproveitando a experiência obtida durante esse tempo para avançar em suas formas de atuação, assumindo o formato híbrido como prioridade. Essa adoção toma força especialmente pelo apoio da tecnologia como uma verdadeira aliada para possibilitar um ambiente de aprendizado digital seguro e flexível, capaz de unir qualidade de educação e interação.
Neste cenário, nota-se a expansão do uso de ambientes virtuais de ensino, que buscam criar uma experiência inovadora para os alunos se sentirem confortáveis e engajados e, principalmente, seguirem aprendendo, independentemente de onde assistem as aulas.
Dentro destes ambientes virtuais de ensino, estudantes e professores constroem conhecimento e comunicação a partir de qualquer lugar e dispositivo. Salas virtuais interativas, por exemplo, já são capazes de reproduzir a experiência presencial, com docentes focados na diversidade de conteúdo para atrair a atenção de sua audiência. Compartilhamento de telas imitam as lousas e vão além. Permitem mostrar imagens e vídeos para tornar as atividades participativas, mesmo a distância. Enquetes, chats e quiz online, com conceitos de gameficação, falam diretamente aos jovens que, em fase extremamente criativa, precisam de estímulos para se manterem focados. Os games usados nesse ambiente estimulam a visão analítica, a concentração e conhecimentos das matérias estudadas, enquanto tornam o ato de aprender mais divertido e colaborativo.
Para os professores, portanto, unir tecnologia e educação significa o surgimento de novas oportunidades para se oferecer metodologias de ensino mais focadas no contexto dos alunos, que já estão inseridos em uma sociedade cada vez mais conectada. Também representa a chance de potencializar a prática pedagógica, por meio de acesso a estatísticas e dados fornecidos pela ferramenta. Uma plataforma intuitiva e fácil de usar se torna grande cúmplice dos educadores, facilitando o acompanhamento acadêmico das turmas de forma mais otimizada. Enviar correções de exercícios e feedback, acompanhar de perto o aprendizado, as atividades realizadas, o engajamento e a presença, tudo de forma on-line, possibilita um atendimento altamente personalizado, de acordo com as afinidades, habilidades e dificuldades de cada um.
O propósito da tecnologia é prover a melhor experiência aos seus usuários, sempre procurando ampliar a produtividade. Na área da educação, isso não é diferente. Soluções tecnológicas fornecem oportunidades importantes de inovar na maneira de se relacionar e para tornar o aprendizado mais produtivo. Os últimos dois anos foram provas cabais de que a tecnologia e o ensino devem andar lado a lado. Presencial e a distância estão se complementando como nunca para atender as demandas impostas por este novo mundo, apoiando o desenvolvimento da educação e reaproximando os alunos do sistema educacional, algo de extrema importância para o futuro do Brasil.
O uso de ambientes virtuais de ensino já é uma realidade em diversas instituições e será ainda mais na era pós-Covid para reforçar as aulas presenciais e ampliar o estudo híbrido. O potencial de transformação de novas tecnologias na área é imenso, com real capacidade de suprir lacunas e ampliar a entrada e permanência de jovens nas escolas, além de tornar o aprendizado mais colaborativo e inspirador.
Para que o Brasil alcance seu potencial completo e se torne uma nação efetivamente desenvolvida, a união do ensino tradicional com o novo ambiente digital deve ser priorizada, ampliando o fluxo de conhecimento, estimulando a socialização, a criatividade e o pertencimento social para não só reter os alunos na escola, mas, principalmente, prepará-los para o futuro com uma educação diferenciada e atrativa. Esse é o momento de termos as organizações educacionais compreendendo a importância de manter a tecnologia como parceira fundamental do processo de aprendizagem para realmente tornar os estudantes em verdadeiros cidadãos, protagonistas da sociedade que sonhamos para os nossos filhos.
Por Adriano Pires, Diretor da Embratel
*Imagem: Pexels