Empresas devem optar por soluções que auxiliam de forma simples no processo de automatização da fábrica, mas sem pirotecnia
Economias em retomada, explosão da demanda por bens de consumo e escassez de matéria-prima estão pressionando cadeias de suprimentos de todo o mundo e das quais as companhias dependem para fazer de tudo, de geladeiras a automóveis. O resultado dessa equação é prejuízo para consumidores, com alta da inflação, e para as empresas. É o que mostra um levantamento feito pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI), com 500 executivos do polo industrial. A entidade aponta que 78% dos entrevistados sentiram o impacto da crise sobre seus negócios, sendo que 27% disseram terem sido muito prejudicados.
Assim, com margem de lucros cada vez mais ameaçada, as companhias foram obrigadas a revisar seus modelos de negócios e líderes de diferentes segmentos da Indústria perceberam que a melhor alternativa para enfrentar essa situação é investir em inovação. Não à toa, os recursos alocados em tecnologia devem superar, pela primeira vez, os US$ 200 bilhões em 2022 no mundo, segundo relatório divulgado pelo Gartner no fim de 2021. Em ritmo acelerado, esse valor é 7% maior do que o registrado no ano passado.
Nesse cenário, as empresas devem priorizar investimentos para adoção das chamadas tecnologias “pé no chão”, ou chão de fábrica, que são ferramentas projetadas para resolver os problemas do dia a dia da Indústria de forma simples e eficiente.
Gestão eficiente de armazém
Os principais fatores que ameaçam a gestão do armazém estão relacionados ao controle manual das informações – muitas empresas ainda usam planilhas para registrar dados da operação, causando lentidão na separação e demora na movimentação dos produtos, resultando em inventários com inconsistência, entre outros problemas.
Essa conjuntura ameaça a saúde financeira das companhias e, para evitar esse risco, é necessário investir em soluções para aumentar o controle sobre a rastreabilidade de cada item, ou seja, uma gestão eficiente de cada etapa percorrida pelos produtos, desde a manufatura, passando pela armazenagem, até a separação dos itens. Com o suporte da tecnologia, a organização vai obter melhores resultados, tanto com aumento de produtividade como aumento do giro dos estoques do armazém.
Reduzir o custo da manutenção
Segundo uma pesquisa da Associação Brasileira de Manutenção e Gestão de Ativos (Abraman), os gastos com a manutenção de equipamentos podem representar, na média, cerca de 5% do orçamento bruto de uma fábrica. Pode parecer pouco, mas quando olhamos para organizações com faturamento acima de bilhões, você consegue imaginar o tamanho da despesa.
A manutenção preditiva ameniza esse gargalo e tem como uma importante aliada uma tecnologia que é braço direito da Indústria 4.0, a Internet das Coisas. Por meio de sensores inteligentes, a IoT coleta informações gerais de equipamentos e ajuda no monitoramento do desempenho das máquinas, além de fornecer recomendações de reparo e ações precisas para evitar falhas em ativos críticos.
Operações ágeis na cadeia de suprimentos
Cadeia de suprimentos ágeis habilita uma resposta rápida e eficiente à demanda por prazo de entregas mais curto e dentro dos parâmetros de qualidade. Por isso, deve-se conectar todos os parceiros do supply chain em um ecossistema para que os gestores tenham maior visibilidade do processo, flexibilidade e maior previsibilidade sobre a demanda.
Uma vez que as organizações adotam uma postura de atuação em “rede”, isso vai permitir que todas as partes envolvidas no ecossistema compartilhem dados estratégicos e recebam atualizações em tempo real, garantindo-lhes a possibilidade de reduzir drasticamente o ciclo de pedidos e desenvolver uma cadeia de suprimentos mais resiliente e responsiva.
Por fim, é importante destacar que a adoção da robótica para automatizar as operações logísticas. Seguirá sendo um diferencial competitivo, mas ainda está longe da nossa realidade. Mas os líderes enxergam valor na tecnologia quando ela resolve seu problema e ajuda a impulsionar o crescimento do negócio. Inovação sempre será necessária, mas o momento é favorável para quem busca eficiência e não pirotecnia.
Por Antonio Carlos Brito, Sr. Principal, Digital & Value Engineering Latam na Infor