O futuro da logística: dos avanços da IA à análise de dados complexos, o que esperar para a gestão de frotas em 2024

Reflexões sobre um mundo sem logística: imagine a vida diária sem produtos, mercadorias ou serviços entregues eficientemente em nossas mãos.

Rodrigo Mourad, presidente e cofundador da Cobli
Imagem: divulgação / Cobli / Rodrigo Mourad

Pegando carona nesta fase de reflexões, eu te convido a parar por um segundo e refletir aqui comigo: seria possível, nos dias atuais, imaginarmos como seria um mundo sem logística? Pois bem: pense por um momento em cada um dos produtos que você consome diariamente, nas mercadorias que chegam às prateleiras das lojas, dos hospitais ou de qualquer lugar, nos pacotes que são entregues no seu endereço, nos serviços que vão até você. Agora, visualize todo esse processo sem a eficiência coordenada da logística. Os prazos seriam impraticáveis, a confiabilidade na entrega seria nula, uma verdadeira bagunça se instalaria em segundos.

Em meio a tantas atualizações que estão revolucionando o papel do gestor de frotas, algumas inovações já estão moldando o futuro do mercado logístico e continuarão em crescente neste ano que acabamos de entrar.

Isso posto, compartilho as principais tendências que devem continuar impulsionando a transformação do cenário logístico em 2024:

Avanços da IA
Inteligência Artificial (IA), Big Data e Internet das Coisas (IoT) já estão revolucionando as frotas no mundo todo – mas  ainda têm (muito!) espaço para revolucionarem o mercado em nosso país. São grandes apostas – em todo o mercado, e não à tôa -, por otimizarem a leitura e o cruzamento de dados sobre o desempenho dos veículos e de seus motoristas e, muito além disso, por transformarem tais dados em insights poderosos. Segundo um estudo recente da Ntt Data em parceria com o MIT Tech Review, sobre IA na América Latina, 9% das empresas pesquisadas pretendem investir entre 11% e 15% do orçamento de tecnologia em IA e 10% das empresas, acima de 15%. Na Cobli, já usamos IA em diversas partes do sistema, desde o reconhecimento do motorista até a identificação de dados com alta precisão. Muito além da extração, nós aplicamos a IA no cruzamento e obtenção de insights cada vez mais rápidos e complexos, que otimizam a segurança e os custos.

Além disso, estamos estudando como aplicar a IA para ajudar condutor e gestor a obter respostas rápidas para as dúvidas de seu dia a dia. Futuramente, teremos acesso a respostas com base no histórico da operação para questões como “quais são os principais comportamentos de risco da minha frota?”, “quanto eu gastei de combustível nos últimos 12 meses?” ou “onde estão as maiores oportunidades para melhorar?”. Isso será possível graças ao avanço das large language models (LLMs), que são modelos de aprendizado de máquina (Machine Learning) que usam algoritmos de aprendizado profundo  utilizados pelo Chat GPT (OpenAI). Dessa maneira, não será necessário gastar um esforço enorme juntando dados manualmente, computando em diversas ferramentas para tratá-los e, só então, tirar conclusões.

Análises preditivas cada vez mais avançadas
À medida que a maturidade na captura de dados avança, a precisão das informações aumenta. Nesse contexto, é crucial que as ferramentas e as empresas estejam adequadamente equipadas não apenas para armazenar dados, mas também para realizar de maneira ágil e automatizada as análises avançadas, cruzando informações com referências e histórico de negócios.  

Na gestão de frotas, a análise preditiva pode ser empregada, por exemplo, para identificação de motor ocioso e sinalização prévia de manutenção, aumentando a confiabilidade e eficiência da frota. Ou ainda, para analisar dados históricos, como quilometragem, consumo de combustível e registros de manutenção – algoritmos identificam padrões que indicam desgastes potenciais em determinadas peças. Com base nessas previsões, a empresa pode programar intervenções preventivas, evitando falhas inesperadas, reduzindo o tempo de inatividade dos veículos e promovendo uma gestão eficiente dos recursos financeiros da empresa.

Câmeras para a segurança das vias
A implementação de câmeras para segurança urbana encontra uma grande aliada na videotelemetria – e a tendência é uma expansão dessa parceria. A combinação de IoT e IA deve evoluir e ser capaz de identificar proativamente problemas nas vias, como buracos e acidentes. A Cobli, por exemplo, possui milhares de clientes por todo Brasil, filmando os mais diversos trajetos e horários. Essa abordagem integrada fornece informações valiosas que podem fortalecer a segurança urbana e contribuir para cidades mais inteligentes.

Mobilidade Inteligente
No cenário emergente das cidades inteligentes, a digitalização e automatização das operações desempenham um papel crucial na transformação da mobilidade urbana. A eficiência proveniente do avanço tecnológico reflete-se na otimização da roteirização de frotas e na distribuição eficaz de entregas e recebimentos. Essa abordagem não apenas promove a fluidez do trânsito, mas também gera benefícios tangíveis para a sociedade como um todo. A operação mais eficiente resulta em uma experiência aprimorada para o cliente, caracterizada por comunicação transparente e custos de frete potencialmente reduzidos. Com cerca de 50% dos quilômetros dirigidos pertencendo a veículos comerciais, a gestão de frotas otimizada revela-se essencial para impactar positivamente tanto a população em geral quanto os agentes envolvidos na logística.

Sustentabilidade da frota ou frotas mais sustentáveis?

Segundo estimativas da consultoria McKinsey & Company, os negócios voltados para a governança ambiental, social e corporativa (ESG, na sigla em inglês) podem gerar uma receita da ordem de US$10 trilhões para as empresas nos próximos 30 anos. A análise também aponta que as operações têm potencial para aumentar em 50% o lucro econômico em 2030, se adotarem uma estratégia de portfólio sustentável. 

O avanço dos carros elétricos colocou o tema em pauta na gestão de frota e isso deve se intensificar – inclusive explorando outras práticas. A tecnologia presente em plataformas de inteligência pode ir além da contribuição para rotas mais eficientes para reduzir o consumo de combustível e a redução de emissões de CO². IA, IoT e Big Data contribuem para prevenir e reduzir acidentes, resultando em mais segurança para os condutores e todos que transitam pelas vias. Além disso,  ter a gestão via sistema possibilita uma melhor governança e a garantia de que seus processos sejam executados em conformidade com leis e normas.

De acordo com a Berg Insight Fleet Management, há cerca de 11 milhões de veículos comerciais no Brasil, dos quais apenas 20% usam algum recurso de telemetria – participação que nos Estados Unidos chega a 60%. Ou seja: quanto espaço para essa e outras tantas tecnologias crescerem por aqui, não é mesmo? E esse avanço já está acontecendo: ainda segundo a Berg Insight Fleet Management, de 2020 a 2023, o Brasil teve um crescimento de 44% no uso da videotelemetria. O caminho é continuar dedicando esforços à pesquisa e desenvolvimento para explorarmos cada vez mais as possibilidades oferecidas pela tecnologia e, assim, tornarmos as operações e cidades ainda mais inteligentes por meio de dados.

*Por Rodrigo Mourad, presidente e cofundador da Cobli


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