Ao longo de minha carreira, aprendi duas lições fundamentais sobre o mundo dos negócios. Em primeiro lugar, está o fato de que não há uma fórmula mágica para ser bem-sucedido. A segunda é que, invariavelmente, o êxito nos negócios depende da combinação de ofertas atraentes, que entreguem o que os clientes realmente precisam, e atendimento personalizado, alinhado ao que os consumidores verdadeiramente querem. Ou seja, para se sobressair, é necessário entender quem está do outro lado e isso exige um exercício cotidiano de colocar-se “no lugar do outro”. É preciso ter empatia, portanto.
Em tempos de engajamento digital e descentralização das rotinas de trabalho, ser capaz de ler e se colocar na posição dos outros é uma habilidade valiosa para a gestão dos negócios, para o trabalho em equipe e, inclusive, para o desenvolvimento de novos projetos de tecnologia.
De acordo com especialistas, a capacidade de entender as outras pessoas é um dos principais ativos da inteligência emocional necessária para a construção de uma carreira sólida neste século XXI. Estudos indicam que os valores associados à empatia, autoconhecimento, motivação, autogestão e relacionamento social são responsáveis por quase 60% da performance de um profissional hoje em dia.
O ponto é que a empatia, de fato, é um poderoso elemento para integrar equipes, mostrando que todos estão no mesmo barco e têm responsabilidades e papeis diferentes. Saber os desafios e o valor de cada um nos ajuda a compreender as dificuldades e as oportunidades de melhoria, tornando a realidade muito mais colaborativa e agradável.
Do ponto de vista da produção, porém, os ganhos de se adotar uma postura atenta às necessidades dos outros também são inegáveis. Entender profundamente os desejos e demandas dos consumidores é fundamental para construir soluções realmente práticas e atraentes. Se os clientes de sua empresa sempre reclamam de um determinado problema, propor soluções para atendê-los de forma mais cuidadosa certamente ajudará sua companhia a gerar novas vendas e, acima de tudo, relacionamentos mais sólidos para o futuro.
Este princípio também vale para quem está desenvolvendo os rumos da inovação tecnológica. Pesquisas recentes mostram que 35% dos consumidores utilizam dois ou mais canais para se conectar com uma marca e, dentro desse universo, os millennials preferem ser atendidos por bots automatizados. Além dos limites das vendas, os assistentes virtuais e chatbots também já são uma realidade no ambiente de trabalho. Estudos indicam que até 2024 essas tecnologias substituirão quase 69% da carga de trabalho mundial dos profissionais em cargos de gerência.
Isso significa que todas as empresas, em qualquer segmento de atuação, precisarão adaptar-se aos relacionamentos com a Inteligência Artificial (IA), investindo em inovações tecnológicas capazes de gerar mais confiança junto aos clientes e, assim, melhores resultados. Mostrar que a nova era pode ser autônoma e ao mesmo tempo personalizada, porém, é um desafio a ser vencido diariamente e contar com soluções que considerem a empatia como um pressuposto básico certamente ajudará as organizações nessa tarefa.
Estar em um carro autônomo, por exemplo, pode causar certo estranhamento no começo, mas isso certamente será revertido com um produto inteligente, desenvolvido para atender os clientes de acordo com seus gostos e opções. A personalização é a chave dessa mudança de estágio da tecnologia. Mas isso exige que os projetos de transformação digital de hoje sejam pensados, também, para estimular a colaboração, a empatia e a valorização das pessoas.
Para isso é imprescindível praticar esses valores dentro das organizações, adotando uma estratégia centrada em pessoas, que são os principais agentes propulsores da transformação digital. No mundo corporativo, empatia significa aceitar a diversidade, estar sempre aberto a sugestões e ter disposição para tentar o novo, compreender os erros e, a partir deles, aprender novas lições. Um ambiente que acolhe a inovação certamente terá mais sucesso na hora de desenvolver e propor soluções realmente disruptivas.
Está na hora de abrir espaço para as ideias e para as diferenças que cada um de nós tem em si. Ao utilizar esse potencial, a indústria estará preparada para criar tecnologias atraentes e assertivas para atender as pessoas. A lição do futuro é entender como transformar a capacidade de ouvir as pessoas verdadeiramente e entender seus anseios para entregar o que buscam. Esse é o caminho certo e não nos resta outra opção a não ser percorrê-lo até o fim.
Por: Nana Baffour, Chairman, CEO & Chief Culture Officer da Qintess
*Imagem: Pixabay/free photos