Sabe aquele hábito de sair de casa, ligar o fone sem fio, conectar no carro e esquecer que o Bluetooth ficou ativado o dia inteiro? Pois é… isso, que parece inofensivo, pode estar te transformando em alvo fácil para hackers.
O Bluetooth virou praticamente uma extensão da nossa vida digital. Está no celular, no smartwatch, na caixa de som, na TV, no carro, na geladeira e até na fechadura da porta. E não para por aí: segundo o Bluetooth Market Update 2024, mais de 5 bilhões de dispositivos Bluetooth foram vendidos no mundo só no ano passado, e a expectativa é que o número cresça cerca de 8% ao ano até 2028. Ou seja, estamos cercados pela conectividade.
O problema? A praticidade tem um preço e ele se chama vulnerabilidade.
O lado sombrio do Bluetooth que ninguém conta
Se você acha que só de acessar um link estranho ou baixar um app duvidoso pode ser hackeado, está enganado. Apenas apertar aquele botãozinho “Ativar Bluetooth” já te deixa exposto. Quando seu dispositivo está nesse modo ele está “descoberto” e qualquer pessoa mal-intencionada pode tentar se conectar a ele — e isso pode ser feito até a 100 metros de distância, o equivalente a um campo de futebol.
Existem três tipos de ataques mais comuns via Bluetooth:
Parece coisa de filme, né? Mas é muito real. E acontece o tempo todo.
O Bluetooth do seu carro também não está seguro
Acha que só o celular corre risco? Pois se prepare: até seu carro está na mira dos hackers.
Existe uma técnica chamada Car Whisperer (sussurro do carro), que permite que o hacker, com um simples laptop e uma antena Bluetooth, acesse o sistema do seu veículo. Se você nunca alterou aquele PIN padrão do Bluetooth do carro (sim, aquele famoso 0000 ou 1234), parabéns: você basicamente deixou a porta aberta.
Com esse acesso, o hacker consegue ouvir suas conversas no viva-voz, se conectar ao seu sistema de mídia e, em alguns casos, até falar dentro do carro, como se fosse um passageiro fantasma.
Achou pesado? Então respira, porque tem mais.
Os ataques não ficam restritos a celulares e carros. Dispositivos de casa inteligente, como câmeras de segurança, fechaduras digitais, babás eletrônicas e até smart TVs, também estão no alvo. O relatório IoT Security Landscape de 2024 mostra que, em média, um dispositivo doméstico sofre 10 tentativas de ataque por dia. Sim, por dia.
E agora? Como se proteger?
A boa notícia é que dá, sim, para se proteger. Spoiler: a solução começa por largar um pouco da preguiça digital. Anota aí algumas dicas:
É claro que ninguém vai parar de usar Bluetooth por causa disso. A praticidade é real e, sejamos honestos, viver sem fone sem fio hoje parece coisa do século passado.
Mas a reflexão que fica é: a gente não pode mais viver no modo automático, ignorando os riscos digitais que estão ao nosso redor. Assim como trancar a porta de casa é um hábito, proteger nossos dispositivos também precisa ser.
No fim das contas, a pergunta não é se você vai ser alvo, mas quando alguém vai tentar te atacar. E aí, a diferença entre ser vítima ou não pode estar num simples clique: desligar o Bluetooth.
Escrito por: Marijus Briedis
*Marijus Briedis é CTO da NordVPN, empresa provedora de serviços de VPN.