Crescimento com propósito: descentralizar a TI para acelerar o país

Mercado de TI deve gerar 147 mil vagas em 2025. Entenda como descentralizar a tecnologia acelera o desenvolvimento econômico do país

André Cavalcanti é Channel Manager da Adistec Brasil
André Cavalcanti, Channel Manager da Adistec Brasil – (Imagem: Divulgação)

O Brasil vive um dos momentos mais promissores da sua história recente no setor de tecnologia da informação. Em 2025, o mercado nacional de TI deve gerar 147 mil novas vagas formais, especialmente nas áreas de infraestrutura em nuvem, cibersegurança e automação, segundo dados da Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais). É um sinal claro de que a digitalização deixou de ser tendência e se consolidou como motor de desenvolvimento econômico. Mas há um desafio que persiste e que precisa ser enfrentado com urgência: a desigualdade regional no acesso às oportunidades e aos investimentos em tecnologia.

De acordo com o LinkedIn (2024), apenas 11% das vagas de TI no Brasil estão nas regiões Norte e Nordeste, enquanto o Sudeste responde por mais de 60% das contratações. Essa assimetria não se justifica apenas por tamanho de mercado ou poder econômico. O que temos, na prática, é um país que concentra suas apostas em inovação em poucos centros, ignorando polos com imenso potencial humano, criativo e tecnológico, que seguem subaproveitados.

Expandir para além do Sudeste não é apenas uma questão de justiça social. É também uma estratégia inteligente de desenvolvimento sustentável e segurança tecnológica. A descentralização da TI ajuda a diversificar os polos de conhecimento, a mitigar riscos de concentração de infraestrutura crítica, e a estimular o crescimento de novos ecossistemas digitais capazes de responder às demandas locais com soluções sob medida. Cidades como Belém, Recife, Salvador, Manaus e Fortaleza já apresentam ambientes propícios à inovação, com universidades de ponta, alto consumo digital e talentos emergentes. O que ainda falta é investimento em escala, apoio à capacitação técnica e conexões efetivas com o ecossistema nacional.

A descentralização da tecnologia também tem um papel crucial na construção do Brasil como um verdadeiro polo de inovação global. Um país que depende apenas de um eixo geográfico para sustentar seu avanço digital caminha sobre bases frágeis para um crescimento sustentável. Pelo contrário: quando o conhecimento circula, a inovação se fortalece. Um ecossistema robusto precisa ser diverso, regionalmente distribuído e adaptável às realidades distintas do território nacional.

Investir em presença física, formar parcerias com instituições locais, promover programas de capacitação e garantir acesso a tecnologias de ponta são ações que geram impacto direto. Não se trata apenas de ensinar, mas de confiar e incluir. O talento está presente em todo o país, o que muda é a infraestrutura e as oportunidades disponíveis para que esse talento floresça.

O futuro da TI brasileira depende da nossa capacidade de democratizar o acesso ao conhecimento e às oportunidades, e considero o incentivo fiscal fundamental para que empresas busquem atuar na região e para que possamos alcançar essa meta de expansão. Além disso precisamos produzir profissionais gabaritados para dar continuidade nos legados tecnológicos e avançarem com as inovações. Não adianta termos vagas, se não temos mão de obra capacitada e atualizada.

 Valorizar o Norte e o Nordeste é mais do que corrigir desequilíbrios históricos: é garantir que o Brasil cresça de forma ampla, estratégica e com bases sólidas para se tornar um protagonista global em inovação. É tempo de sair do eixo, e principalmente, expandir nossa visão.

Escrito por: André Cavalcanti

*André Cavalcanti é Channel Manager da Adistec Brasil


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