O verdadeiro seguro contra ransomware é investir em cibersegurança

Cibersegurança
Imagem: Freepik

Muitas empresas brasileiras têm enfrentado um dilema perigoso ao decidir pagar resgates após serem vítimas de ataques ransomware. Embora essa decisão seja frequentemente tomada na tentativa de minimizar prejuízos, ela equivale a financiar diretamente o modelo de negócios dos cibercriminosos, inclusive incentivando ataques futuros. Portanto, é crucial entender que existe uma alternativa mais estratégica e econômica para a proteção dos negócios: investir em uma proteção robusta de cibersegurança que funcione como um “seguro” contra esses ataques.

É importante destacar que o “seguro” ao qual me refiro não é o cyber insurance tradicional, que a princípio deveria cobrir financeiramente as consequências de um ataque cibernético, como custos de recuperação. Embora o seguro cibernético possa ser uma peça complementar na estratégia de gestão de riscos, ele apresenta riscos como exclusões de cobertura, subestimação de ameaças, e casos de não pagamento de sinistros devido a exigências contratuais ou interpretações de eventos, além de não prevenir o ataque nem mitigar seus impactos operacionais e reputacionais. Aqui, falo de um seguro ativo e proativo: uma abordagem tecnológica com estratégias robustas que impedem o ataque de acontecer ou minimizam seus efeitos antes que eles se tornem incontroláveis. Trata-se de garantir que as empresas estejam protegidas em tempo real, com mecanismos que identificam, bloqueiam e respondem a ameaças de forma imediata, reduzindo drasticamente a dependência de soluções reativas.

O pagamento de resgates, que pode atingir valores milionários, não apenas compromete o orçamento das empresas, mas também traz incertezas. Pagar não garante que os dados ou sistemas sejam restaurados, nem que estejam intactos ou livres de vulnerabilidades adicionais. Além disso, ao pagar, a organização sinaliza aos atacantes que é suscetível a novas extorsões, perpetuando um ciclo de ataques mais sofisticados e frequentes.

Agora, considere uma abordagem diferente: por uma fração do valor que seria pago em um resgate, é possível implementar tecnologias de cibersegurança avançadas, unidas a uma estratégia eficaz, que não apenas minimizam os danos de ataques, mas, em muitos casos, evitam que eles aconteçam. Um investimento estratégico em cibersegurança, de forma abrangente, permite que a empresa bloqueie ou interrompa um ataque de ransomware antes que ele cause danos significativos, preservando dados, operações e reputação.

O impacto de um ataque vai além do resgate

Um ataque de ransomware não causa apenas perdas financeiras imediatas. A reputação da empresa, sua credibilidade no mercado e até mesmo a continuidade dos negócios são colocadas em risco. Investidores, clientes e parceiros avaliam de perto a forma como a organização lida com essas situações. Empresas que demonstram preparação com protocolos claros de prevenção e resposta são vistas como mais responsáveis e confiáveis, o que pode ser decisivo para sua competitividade no mercado.

Além disso, os ataques geralmente exploram vulnerabilidades evitáveis, como sistemas desatualizados, credenciais comprometidas ou erros humanos decorrentes de phishing e engenharia social. Medidas preventivas como monitoramento contínuo e análises de ameaças baseadas em comportamento podem reduzir drasticamente a superfície de ataque, atuando em diversas camadas para bloquear essas ameaças e evitar a proliferação lateral.

Prevenir é muito mais barato que remediar

O mercado de cibersegurança está sempre evoluindo para tecnologias cada vez mais avançadas. Diante dos desafios constantes, investir em soluções robustas de cibersegurança, como por exemplo  o XDR (Extended Detection and Response), permite que as empresas criem uma barreira eficiente contra ameaças. Ao combinar inteligência artificial, automação e visibilidade total da infraestrutura, o XDR permite identificar e bloquear comportamentos anômalos em tempo real, antes que os ataques progridam. Essa tecnologia assegura que os sistemas estejam protegidos contra ataques emergentes zero-day e malwares desconhecidos, limitando o impacto de qualquer tentativa de violação.

Vale ressaltar que os investimentos em tecnologia devem andar lado a lado com  a capacitação  dos colaboradores. O treinamento contínuo dos times é um componente essencial na estratégia de cibersegurança. Programas de conscientização sobre boas práticas de segurança digital ajudam a criar uma “primeira linha de defesa” mais preparada e alerta. Funcionários bem treinados são capazes de identificar ,por exemplo, tentativas de phishing e outras ameaças, diminuindo os riscos de ataques bem-sucedidos.

Dessa forma, o investimento abrangente em cibersegurança funciona como um seguro: ele protege os ativos digitais e evita que a empresa seja colocada em uma posição de vulnerabilidade extrema, onde o pagamento de resgates milionários seria a única saída.

No final das contas, cibersegurança não é apenas uma despesa operacional – é uma estratégia fundamental para a sustentabilidade dos negócios. Enquanto o custo de um ataque cibernético pode ser devastador, o custo de uma proteção robusta é previsível e infinitamente mais acessível. Assim como um seguro de alto valor protege bens essenciais, soluções de cibersegurança bem estruturadas e equipes preparadas protegem o ativo mais valioso das empresas: sua informação. A decisão é fácil. Proteger a empresa agora, com tecnologia avançada e estratégias de segurança proativas, não é apenas uma forma de evitar resgates milionários – é garantir a continuidade, a estabilidade e a reputação do seu negócio no longo prazo.

*Por Eduardo Bouças, CEO da Blockbit


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