IA chega ao core-business dos bancos

Segundo a Febraban, mais da metade das instituições financeiras já usam a tecnologia, com base em nuvem, permitindo o acesso a assistentes virtuais, análises de crédito e recomendações personalizadas aos clientes  

A inteligência artificial (IA) está transformando o setor bancário brasileiro, otimizando operações e aprimorando a experiência dos clientes. De acordo com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), 54% das instituições financeiras no país já utilizam soluções de IA em suas operações. Dos tradicionais aos bancos digitais, a tecnologia é unânime e passa através da nuvem, propiciando o uso de assistentes virtuais e recomendações personalizadas aos clientes. 

O especialista em tecnologia bancária da dataRain, Luiz Maluf, acredita que a medida é o caminho natural rumo à desbancarização. Para ele, 80% das agências bancárias poderão ser substituídas por serviços virtuais até 2030, um cenário em que as agências físicas se tornarão cada vez mais obsoletas, dando lugar a escritórios focados em grandes investimentos e transações menos convencionais. “Estamos testemunhando a transição para um relacionamento bancário totalmente digital e a adoção de IA não apenas melhora a eficiência operacional, mas também proporciona uma experiência mais personalizada e segura para os clientes. Instituições que investem em IA estão mais preparadas para atender às demandas de um mercado em constante evolução”, destaca.

Maluf dá exemplos práticos da sua constatação. “Na Europa, o Santander já transformou parte das suas agências tradicionais de atendimento em cibercafés, onde seus clientes tem cursos gratuitos sobre inteligência artificial. Uma decisão espetacular, pois sendo IA uma tecnologia poderosa, é fundamental que os seus clientes saibam utilizá-la”, ressalta o executivo, complementando que o banco usa IA desde 2018, nas áreas de análise de risco de crédito e para agilizar a concessão de empréstimos e financiamentos, além de personalização do atendimento ao cliente, a partir de algoritmos de aprendizado de máquina, que levantam perfis comportamentais.

Para Maluf, as soluções já existentes são cada vez mais assertivas. “O Bradesco, por exemplo, lançou em 2017 a BIA (Bradesco Inteligência Artificial), assistente virtual que interage com clientes e colaboradores. Com mais de 50 iniciativas em IA, o banco alcança uma taxa de acerto superior a 90% nas interações via chatbot, totalizando mais de um bilhão de acessos ao seu data lake com auxílio de IA generativa”, analisa.

Segundo o especialista, outro gigante se prepara para ingressar na onda da IA. “O Itaú anunciou recentemente que migrará 100% de seus serviços bancários para a nuvem da Amazon Web Services (AWS), permitindo maior flexibilidade e escalabilidade. Além disso, o banco está implementando uma ferramenta de PIX no WhatsApp com assistência de IA generativa, que interpreta mensagens de texto ou áudio, facilita a divisão de despesas e gera comprovantes rapidamente”, conta.

Outro exemplo, de acordo com o executivo é do Banco do Brasil, que utiliza IA generativa para oferecer recomendações personalizadas a micro e pequenas empresas por meio da ARI (Área de Recomendações Inteligentes), beneficiando mais de 3,1 milhões de clientes desse segmento. 

Maluf destaca ainda a forma como a Caixa Econômica Federal reduziu o tempo de análise de financiamentos imobiliários de três dias para apenas três horas com o uso de IA  e o Sicoob, que implementou projetos de IA generativa para processamento inteligente de documentos, utilizando tecnologias como Processamento de Linguagem Natural (PLN), Machine Learning e reconhecimento de imagem para extrair e classificar dados de documentos dos associados. “Os bancos tradicionais estão evoluindo com a IA, otimizando o tempo de seus clientes, o que, sem dúvidas, é uma grande vantagem”, ressalta. 

Entre os digitais, Nubank e C6 Bank, também adotaram IA para aprimorar serviços. “Ambos anunciaram recentemente a disponibilidade de serviços de PIX com suporte de IA que manipulam texto, áudio e imagem, reduzindo em mais de 60% o tempo das transações. O Nubank planeja, no futuro, oferecer suporte para PIX no crédito e em operações com parcelamento”, adianta.