Pix: novas regras são “restritivas, porém necessárias”, avalia especialista

Banco Central atualiza o Pix para reforçar segurança nas transações e reduzir fraudes. Especialista comenta impactos para usuários e bancos

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Imagem: Freepik (Pikaso) / Falando Tech

Transações devem seguir como um serviço ágil e prático, mas também mais protegido, para que a confiança dos usuários continue a crescer

O Banco Central do Brasil introduziu recentemente uma série de mudanças no Pix, o sistema de pagamentos instantâneos que já revolucionou o cenário financeiro do país. Segundo Luiz Maluf, especialista em tecnologia bancária da dataRain, as novas diretrizes visam aumentar a segurança das transações, especialmente para coibir fraudes cada vez mais comuns. Maluf acredita que, embora algumas alterações possam parecer restritivas, elas são necessárias para fortalecer o uso do Pix sem comprometer sua agilidade.

“A segurança adicional que essas medidas proporcionam é essencial para assegurar a confiança no Pix, sem prejudicar sua principal vantagem, que é a velocidade”, explica Maluf. Entre as mudanças, uma das mais notáveis é o limite imposto a dispositivos não registrados para transações Pix: R$ 200 por transação e R$ 1 mil por dia. Esse limite visa mitigar o uso fraudulento do sistema por dispositivos que não estão devidamente associados a uma conta bancária, um método comumente explorado por hackers e fraudadores.

O especialista destaca que, além das medidas de segurança, o Pix agora permitirá agendamentos automáticos, conhecidos como Pix Automático. Essa funcionalidade será especialmente útil para pagamentos recorrentes, como aluguéis, salários de empregados domésticos e mesadas para filhos, trazendo mais comodidade aos usuários. “Essa é uma inovação que atende à crescente demanda por automatização e conveniência, algo que os usuários têm pedido,” comenta o especialista.

Outra novidade é a possibilidade de realizar pagamentos por proximidade, ou seja, via tecnologia touchless. Isso, segundo Maluf, reforça a proposta do Pix de oferecer transações rápidas e simplificadas, mantendo o sistema acessível. “As novas funções de segurança não comprometem a agilidade, já que mais de 95% das transações acontecem em dispositivos registrados. No entanto, a prevenção de fraudes estará concentrada nos 5% de operações que ocorrem em dispositivos não cadastrados, onde se concentra boa parte das fraudes”, pontua.

As novas regras do Pix também trazem implicações para as instituições financeiras. No entanto, o executivo acredita que as medidas devem, ao contrário do que muitos pensam, reduzir as perdas financeiras com fraudes e, portanto, não deverão gerar aumento de tarifas ou custos adicionais para os clientes. “Essa iniciativa é vantajosa, pois diminui as perdas financeiras, tornando o sistema mais seguro e sustentável”, afirma.

Por fim, Maluf destaca que as instituições financeiras estão investindo em tecnologias avançadas para monitorar transações suspeitas. “Os bancos utilizam sistemas de inteligência artificial e análise de dados em tempo real para detectar comportamentos fora do padrão. Isso é crucial para interromper fraudes antes que causem prejuízos aos usuários e às próprias instituições financeiras”, relata o especialista. 

Para aqueles que já foram vítimas de fraudes, o Banco Central tem incentivado a aplicação de protocolos mais rigorosos de autenticação. “Em alguns casos, as instituições podem até exigir mais etapas de verificação, como autenticação multifatorial ou até biometria, especialmente em transações de maior valor”, conclui.


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